quinta-feira, junho 30, 2005

Canal memória

Como estamos em época de férias grandes para a rapaziada da escola, lembrei- me (com tantas saudades e invejinhas) do tempo em que estava incluída nesse grupo que goza 2 meses de férias em pleno Verão...

Ai que bom que era... ficar sozinha em casa a ver o "Agora Escolha" com a Vera Roquete a apresentar as séries de culto como o Verão Azul (com aquele personagem único: o Piranha), a Ana dos cabelos ruivos, Quem sai aos seus e outras tantas de qualidade superior! Foram muitas as tardes que passei esticada no sofá de frente para a TV e para a ventoinha...

Esta era a melhor parte das férias... sentia- me crescida porque ficava sozinha em casa. É bem verdade que não tinha ordem de soltura mas podia escolher qual o canal de TV que queria ver, a rádio que queria ouvir (bem alto, aproveitar enquanto estava só para tirar o pó às colunas) e sair de rompante, no intervalo, até ao café mais próximo para comprar um geladinho.

Lamentava não poder ir à praia mas aquela sensação de autonomia e independência de ter a casa por minha conta compensava o lamento... além disso, tinha a perfeita consciência de que a pior parte das férias ainda estava para vir: a deslocação à terra da mãe. Bbrrrr... ainda hoje me arrepia!

Lembram- se com certeza daquelas viagens detestáveis... um calor imenso dentro do carro, aquelas indisposições habituais para quem vai no banco de trás, a minha irmã sempre a pedir para encostar porque estava mal- disposta, ou queria fazer chichi ou tinha fome... e eu, em desespero de causa sempre a perguntar: Oh paaiiii, ainda falta muito? A pergunta é normal, o que não é normal é eu começar a fazê- la 30 km's depois de sair de casa... o percurso era de 200, por aqui podem imaginar o suplício do meu pai!

O que realmente me atormentava o espírito, era saber que chegada à santa terrinha teria que cumprimentar 80% da população... com vocês não era assim, ou não se lembram? Se não se lembram, permitam- me que vos avive a memória!

Recordo como se tivesse acontecido há uns... 15 anos ( e foi mesmo... Socorro, 'tou a ficar velha!!!) Logo na viagem a minha mãe fazia dezenas de recomendações: "Meninas, portem- se bem, não se esqueçam de cumprimentar a prima Chica e a prima isto e a prima aquilo, e a vizinha tal e a comadre coiso"... e seguia por aí fora... lembro- me de ter a clara sensação de que toda a gente da terra era da minha família. Mas a última das recomendações era para a minha maninha: "Se fazes favor, não limpas a cara depois de as senhoras te beijarem, ouviste?"

O que responder a isto... eu subscrevia completamente a atitude da minha irmã, estava 100% solidária com ela... a diferença é que não tinha a lata dela para limpar a cara debaixo das barbas das senhoras (não é figura de estilo, era mesmo o estilo delas: algumas tinham só bigode mas outras tinham o pacote completo).

Depois da sessão de cumprimentos com vários metros de comprimento e das conversas e dos reparos habituais: "Ai, já estão tão crescidas, a sua mais velha está uma mulherzinha, está quase do meu tamanho" (o que não era difícil, tendo em conta que nenhuma media mais de metro e meio) lá nos libertavam para a brincadeira... mas o calor era de tal ordem que até as moscas ficavam moles, quanto mais as crianças!

O tédio de dormir a sesta era o meu pior castigo... nunca fui "piquena" de dormitar a meio da tarde mas os meus pais insistiam no seu descanso depois do almoço e queriam, a todo o custo, que as filhas também dormissem. Nunca conseguiram essa proeza... ficava toda a tarde com a minha irmã e os primos a ver TV (viam- se melhor os canais de Espanha que os nacionais... lembro- me do MacGyver a falar espanhol) e a fazer travessuras ao avô que, ora enrolava um cigarrito de tabaco Mata Ratos, ora picava milho na cozinha, com o chapéu preto pendendo para a frente cobrindo os olhos!

Ainda arriscámos tentar sair de casa para passear na aldeia mas cedo percebemos porque é que não se via vivalma nas ruas... assim que espreitávamos pelo postigo levávamos uma "chapada de calor" (a expressão é gira mas não é de minha autoria, ouvi há dias e achei piada)!

Sempre achei que os dias eram maiores naquela terra... o ponto alto do dia era fazer os recados à avó na mercearia mais próxima... o que também não era tarefa fácil... na mercearia estava sempre aquela percentagem da população que não nos conhece (20%) e tem a ousadia de perguntar tal e qual como vos digo: "Quem és tu? És filha de quem?" fim de citação. Perante isto, o que há a dizer? A dada altura desisti de ir sozinha às compras... é que aquelas pessoas têm memória curta... de umas férias para as outras esqueciam- se sempre de quem eu era filha!

A semana chegava ao fim e na viagem de regresso a casa repetiam- se as paragens consecutivas por causa da minha irmã e das suas vontade súbitas, e as minhas perguntas incómodas "Oh paaaiiii, ainda falta muito?"

"Não filha, está quase!"- eu sabia que era uma mentirinha inocente só para me calar... por isso voltava a perguntar e a perguntar e a perguntar... até encontrar sinais na paisagem que me fossem familiares. Eram as saudades de casa... Hoje são as saudades desse tempo!

Nota: Reviver estas memórias deixou- me com uma ruga de preocupação na testa... lá diz a canção "Oh tempo volta para trás"...

terça-feira, junho 28, 2005

Casquinha d'ovo

Já que estamos numa de mottards e Verão e tal (e tal, principalmente)... é inevitável falar também da relação pacifíca, entre o mottard e o seu capacete também conhecido carinhosamente por casco, carolo e outros...

O capacete está para o mottard como o cão está para o homem... o seu melhor amigo (reconheço que neste caso a comparação é um pouco infeliz porque é certo e sabido que os cães têm o hábito bizarro de correr atrás das motas, chegando mesmo a trincar umas canelas... mas perceberam a ideia, certo?) Assim sendo o capacete é cuidado criteriosamente pelo dono, pelo menos enquanto é novo ou ainda não tem mazelas... este período é, regra geral, muito curto pois parece existir uma atracção fatal entre o casco e qualquer superfície capaz de riscar a pintura ou mesmo de lhe arrancar um pedaço... daí a afável expressão casquinha d'ovo!!!

A aventura começa logo no momento da escolha... quando pegamos no exemplar para ver de perto e experimentar e não tendo noção exacta do seu peso, de imediato o arremessamos contra a prateleira de cima (já está baptizado)... mas não há problema, ninguém viu e ainda não pagámos nada, logo... tiramos outro!

A escolha é de extrema importância dado que há vários factores a considerar e aposto que nunca tinham pensado nisto a valer... desde o modelo, passando pelo peso, pela narigueira, pela viseira, pelo tamanho, pela fivela, pelas entradas de ar e claro acabando no esquema de cores: branco ou preto dá com tudo mas umas cores garridas ficam sempre bem!

A tarefa é penosa mas obrigatória. Depois de muito experimentar e note- se que "quem muito escolhe, pouco acerta" lá encontramos o espécime que vai bem connosco... saímos da loja muito satisfeitos, com menos umas dezenas de contos no bolso mas, acima de tudo, muito protegidos: "Deus nos livre de cair e de riscar a pintura"!

Os dias que se seguem são de profunda tensão e desgaste... andar sempre com o saco do capacete para o guardar religiosamente assim que estacionamos o motociclo e evitar, a todo o custo, encontros imediatos com o alcatrão e as paredes!

Um belo dia, já enfadados por andar com o saco sempre atrás e os amigos sempre a mangar com tantos cuidados com o casquinha d'ovo, enchemo- nos de coragem e valentia e deixamos o saco protector em casa... "Sou um bravo, não levo o saco" esboçando um sorriso rasgado que permite ver se já nasceu o dente do siso, ou não!

É neste dia trágico que começa o fim da vida de lord do carolo... ao arrumá- lo, apesar de todos cuidados, encostamo- lo demais à parede rugosa e àspera. Algo de muito malvado se vai passar...

No momento de arrancar e já estando a mota aquecer, aproveitamos para inspeccionar o carolo antes de o colocar... nesse momento rigoroso de afectividade durante o qual não admitimos qualquer tipo de interactividade com o exterior, avistamos os riscos... inconsolável... é este o estado de espírito de quem passa por uma experiência assaz traumática, como esta! Os amigos juntam- se à volta e entre risos lá vão tentando o impossível: animar o desgraçado relembrando os momentos em que passaram pelo mesmo com a desvantagem de o estrago ter sido abundantemente maior!

Não querendo dar parte de fracos, fingimos ter esquecido o sucedido... até ao momento em que nos encontramos a sós com o melhor amigo... passamos a pente fino toda a estrutura tentando avaliar a dimensão do acidente. É só um risquinho ou outro... nem se nota muito! As entradas de ar permanecem firmes e estrategicamente colocadas na sua missão de refrescar o cérebro, a narigueira está de pedra e cal... não há motivo para grandes preocupações (por enquanto...)!

Noutro dia igualmente belo decidimos ir até à praia... tudo corre bem, a viagem foi razoável (só uma discussão ou outra com um "bote" ou outro... enfim não se chegaram a partir espelhos!) e preparamo- nos para avançar em direcção ao areal, não sem antes colocar o cadeado na motoreta... é aqui que entra a banda sonora do tubarão... vem uma brisa do mar (trá lá lá, lá lá lá) um pouco mais forte e arejada do que o esperado e tomba o casquinha do banco da mota... por incrível que pareça, e entre tanta areia fofa, consegue acertar no único calhau vísivel num raio de vários metros! É neste instante que as faces ficam rubras, sentimos um turbilhão, uma corrente de ar que nos abana da ponta do dedo mindinho à ponta espigada do cabelo... avançamos rapidamente na direcção do carolo: "Meu lindo, meu fofo... seus maus, olha só o que te fizeram!" Pegamos nele e salta um pedaço da pintura, confirmam- se as piores suspeitas!

Bem, a vida continua... e lá seguimos desgostosos de toalha ao ombro e capacete ao peito (como que a confortá- lo pelo sucedido)! Um azar nunca vem só... e uma rabanada de vento também não... depois da queda livre do banco da mota, é exibido o 2º filme da saga "Casquinha d'ovo": O tornado II", nesta película uma rajada de vento enche de areia todo o interior do capacete... já no 3º filme " Querida, encolhi o capacete (com o chichi do cão)" a sinopse revela que depois da areia no interior do casquinha, um quadrúpede alça a pata tentando marcar como seu, o território do protagonista. O que acontece no final do episódio? Não é que pensam... ter azar é o casco cair e encher- se de areia, um cão "orinar" lá para dentro é pior do que azar, é castigo divino!

Depois desta passagem cinematográfica pela vida artística do casco, regressamos ao futuro (hehe não resisti a mais um...) onde a realidade é uma, e só uma (não são duas nem três, é só uma e "prontos"): Todo o mottard sabe que a sua vida pode depender ( e como!) de um capacete, e se assim é, porque não escolher logo um dos bons?
Sendo bom, é caro,
sendo caro custa a pagar,
custando a pagar obriga a estimar,
obrigando a estimar temos que usar o saco para o transpostar,
tendo que usar o saco para o transportar os amigos vão gozar,
os amigos gozando deixamos o saco em casa,
deixando o saco em casa... já sabem o fim da história, né...

Resumindo e baralhando,
Moral da história: A relação entre o mottard e o seu capacete é das melhores, passam imenso tempo juntos num estádio de grande proximidade. O mottard tem imenso cuidado com o casco até ao dia em que o deixe cair pela primeira vez...


NB: Não levem em consideração este post... apanhei com uma forte machadada de parvoíce enquanto o escrevia!

domingo, junho 26, 2005

Erro no servidor...

Meus amigos... estou aqui que não me aguento!!! Estava há 1h a escrevinhar um texto fantástico... possivelmente o melhor de sempre... preparava- me para alinhavar o final quando, sem nada que o justifique, no momento que embico com o rato para o "save" aparece a mensagem de erro!

Atónita, sem reacção, fico imóvel olhando fixamente para o monitor... "Raios... caramba... o que é que se passou aqui?"- interrogo- me ainda incrédula.

Intimamente tenho esperança de que o trabalho tenha ficado gravado... "ora então vamos lá a fazer um refresh..." NADA... nada de nada gravado! Perdeu- se uma obra- prima... o mundo nunca mais será o mesmo!

Tento em vão, reescrever aquelas sábias palavras que juntas numa articulação perfeita seriam alvo de distinção pública! Já estou a ver a abertura dos Telejornais, a 1ª página de um jornal de referência (e dos outros também, tal não era qualidade do escrito) e programas especiais acerca da obra *linha... e agora? Nada.

Depois disto não sei o que poderá acontecer... uma catástrofe como esta pode acabar de vez com a economia de um país... é o fim! Vou manter isto em segredo... vou fingir que era apenas mais um texto parvo sobre um tema ainda mais parvo, como é meu apanágio!

sexta-feira, junho 24, 2005

Bang Bang

Análise do poema (revivendo as aulas de português no secundário) - inspiração: Bang bang, Nancy Sinatra

Tendo como pano de fundo essa "ganda malha" (é mesmo!) que ouvi pela 1ª vez no Kill Bill, estou rendida à evidência do significado implícito naquela canção: bang bang só pode estar a falar da relação entre mottards e mona em Portugal! Como é que a Nancy sabia que era tão problemática desconheço, mas lá que tocou com o dedo na ferida... ai, lá isso tocou!!!

Ora, de olhos postos na letra...
I was five and he was six
We rode on horses made of sticks - está claramente a falar dos motociclos, a alusão aos cavalos remete para isso mesmo: a potência da motita- regra geral a dos xibos é um bocadinho inferior, um bocadinho assim: ao dizer isto olho para a distância entre o indicador e o polegar da mão esquerda, desenhando um C

He wore black and I wore white
He would always win the fight- lá está!! A mona anda de azul e o motoqueiro sempre de preto (se fôr pés para a frente) ou com muita cor (se fôr do cross ou da estrada- raça hehe); logo existe aqui o contraste de cores!! Ele ganha sempre, só vem validar a minha tese... obviamente depois da coima aplicada não há nada a fazer, a não ser abrir os cordões à bolsa!

Bang bang, he shot me down
Bang bang, I hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, my baby shot me down - o refrão é claro como água... fala das marteladas aplicadas ao motociclista (acho graça a esta palavra) e de como ele fica abatido e na falência depois de as regularizar todas! Bang bang não tem selo... Bang bang não tem espelhos... Bang bang a matrícula não está homologada... Bang bang o escape faz muito barulho... Bang bang: toma lá a receitinha!!!

Seasons came and changed the time
When I grew up, I called him mine- mais uma referência objectiva, porque antigamente era mais fácil "dar la fugue"... eles andam aí como loucos à caça do mottard acelera e sempre a apreender os veículos alheios; o que eles querem na verdade, é conduzir uma mota a sério!! Ah, pois é!!!

He would always laugh and say
"Remember when we used to play?" - aqui Nancy fala do sorriso cínico da mona quando diz "Vou ter que o autuar" e então vem o rol de infracções:

Bang bang, I shot you down
Bang bang, you hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, I used to shoot you down- ora então, vamos lá ver: Bang bang os pneumáticos... Bang bang não tem piscas... Bang bang vinha a ultrapassar numa zona de linha longitudinal contínua... Bang bang deu uma rateirada e assustou- me... Bang bang: toma lá a receitinha!

Music played and people sang
Just for me the church bells rang- nestes versos a autora refere- se à música que o motoqueiro tenta dar aos xibos para evitar a multa, mas só ele é que ouve essas suas palavras, visto que o cabeçudo já está de caneta em punho a escrevinhar os dados da infracção e a escolher a sanção mais pesada!

Now he's gone. I don't know why
And till this day, sometimes I cry- aqui está, evidentemente, a menção ao desespero do mottard ao olhar para a multa que tem a pagar e para a possibilidade de ter que entregar a carta de condução... não é que ele chore, pelo menos não em frente ao xibo (para não lhe dar esse gostinho!)

He didn't even say goodbye
He didn't take the time to lie- esta é a parte em que motoqueiro indomável arranca a fundo (que é como quem diz de punho enrolado - ouvi isto uma vez na RTP2 numa corrida de Moto GP e nunca mais me esqueci do comentador a traduzir o significado da expressão) debaixo das barbas da mona...

Bang bang, he shot me down
Bang bang, I hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, my baby shot me down

Em jeito de conclusão: Bang bang estamos na época das concentrações... agora é só facturar!!!

Trouxe esta canção porque é realmente um espanto, quer na versão original (muito enigmática e envolvente), quer na versão Radio Slave ou Audio Bullys! Oiçam, vão gostar!!! Vão por mim que eu não vos engano...

quinta-feira, junho 23, 2005

Dicas

Dicas para tornar menos desagradável a convivência com chefes, directores, patrões e outros da espécie...

Começa a faltar a paciência para lidar com estes espécimes que se julgam senhores da razão... seres supremos convencidos de que podem atormentar- nos só porque lhes apetece.

Não desesperem... experimentem trautear algumas canções enquanto vos passa o trabalho ou simplesmente se limita a cansar a vossa beleza, com conversas que não interessam a ninguém... para esse efeito recomendo Fire Water Burn dos Bloodhound Gang... mais concretamente a parte do refrão "(...) burn motherfucker, burn..." outra que funciona muito bem é de Mocky e dá pelo nome de "Mickey mouse muthafucker"( se não têm na vossa discografia façam a fineza de dizer, prontamente gravarei um exemplar)!

Se não resultar e a voz irritante do senhor(a) continuar a invadir o vosso pensamento, experimentem fazer um reset ao sistema ou deixá- lo no modo de suspensão... para tal aconselho a velha táctica dos 3 "sim's", 1 "não", "pois" (repetidas vezes) e um "exacto" ou um "talvez" que também ficam muito bem no conjunto!

Nunca, mas mesmo nunca em caso algum haja o que houver, assimilem ou leiam nos seus lábios o que está a tentar transmitir... caso isso aconteça, estão a meio caminho da lavagem cerebral total, que apagará da vossa memória acontecimentos importantes como: aproveitar os fins de semana, sair a horas do trabalho (chega de horas extraordinárias nunca pagas ou reconhecidas), fazer efectivamente 1h de almoço e não 15 minutos a meia hora, conversar e rir com os colegas... enfim, viver para além do trabalho.

Quando vos pedir, delicadamente ou não, para trabalhar mais umas horas, ou um sábado a custo zero, lembrem- se da vossa conta bancária com um sinal (-) à esquerda e dos juros que essa instituição de crédito vai cobrar assim que lá cair o avarento ordenado... se mesmo assim estiverem tentados a ceder ao pedido, lembrem- se das vossas férias sem subsídio e do Natal e ano novo sem 13º mês, enquanto ele curtiu desalmadamente e sem dó nem piedade, teve o descaramento de partilhar convosco os acontecimentos desses dias soberbos (num daqueles secadores industriais, em que se senta a tagarelar ignorando se estamos ocupados a trabalhar para ele ou se temos tempo para o ouvir... o mais comum é termos que ficar até mais tarde para compensar o tempo perdido a ouvir as histórias das férias).

Não tentem argumentar... não há retórica possível para refutar a intolerância de quem acredita que está sempre certo, os outros é que estão mal (mesmo que os seus resultados sejam aparentemente melhores); logo, neste silogismo a resposta é evidente: evitem gastar o vosso latim e a vossa saliva em conversas que não levam a nada, a não ser ao vosso desgaste...

Ficam furiosos com a "conversa da treta" e dispostos a descarregar no 1º que aparecer! Também tenho uma solução para isso: juntem durante a semana as garrafas para o ecoponto e despejem- nas no vidrão nesses dias irados... o som do vidro a estilhaçar tem um efeito deveras relaxante... Se a indignação e desejo de vingança forem, de tal forma admiráveis que não aguentam até ao vidrão... não insultem os outros condutores... lá porque estão desmotivados com o emprego e parados numa fila de 1h até casa, não vos dá o direito de proferir palavrões e dirigir gestos obscenos e de conteúdo fálico às outras pessoas... experimentem expressões como: "diacho", "c'o a breca", "que maçada", "que fastio", etc!

Percorram a lista telefónica do TM e apressem- se a combinar uma valente borga para um fim de semana bestial, não se esqueçam de imprimir o CV e de o enviar para outras empresas... provavelmente a caca é a mesma... mas pelo menos muda o cheiro!

PS.: Entre tantos conselhos, não se esqueçam de realmente trabalhar com brio profissional e empenho, ou perderão toda a legitimidade para falar e reclamar!

quarta-feira, junho 22, 2005

Toque & Fresh: já fazia falta

Não resisto à tentação de trazer a lume o tão aclamado ambientador de casa de banho... estou mesmo a considerar a hipótese de o apresentar formalmente aos proprietários do CRVL, em substituição das bolas de naftalina penduradas na torneira do "tóclismo"!

Estou rendida à frescura do ambientador, de tal forma que dou comigo a pressioná- lo sempre que entro na casa de banho, nem que seja para lavar os dentes!

Descobriram finalmente a fórmula mágica que abafa outros odores menos paradisíacos... chega a ser viciante o desconcerto daquela fragância! Está aí para dar cartas e não se admirem se um destes dias aparecer um novo channel com aroma WC toque & fresh.

Estou tentada a espalhar pelas outras divisões da casa o ambientador casa de banho, ou então a mudar para lá o rádio e o pc... um destes dias ainda fico barricada lá dentro (e depois aproveito para reivindicar qualquer coisa)!

Acredito que devíamos convencer os nossos patrões a adquirir várias embalagens do dito como forma de evitar o abstencionismo no trabalho... estou perfeitamente convicta de que se houvesse 1 ambientador no parlamento, os nossos políticos estariam iluminados e a transbordar de ideias brilhantes para ultrapassar a crise orçamental e outras tantas... fariam de nós uma potência mundial.

O que faz falta é estimular os sentidos e este ambientador vem culmatar essa falha, substituindo os antigos cujo odor nunca deixou de ser um mero camuflar, pouco convincente, dos típicos cheiros WC... este vai mais além, este inspira- nos e a cada inspiração (funda) há mais O2 a entrar no cérebro, o que acelera e facilita a actividade do Tico e do Teco... este último é mesmo convencido a desligar o GameBoy e a fazer alguma coisa.

Os meus sinceros parabéns aos criadores do Toque & Fresh e o meu conselho aos demais: esta ideia de génio atinge o objectivo para o qual foi concebida e poderá mesmo revolucionar o panorama dos ambientadores e da vida em geral!

terça-feira, junho 21, 2005

O mau é chegar lá...

Entro no lar e logo sinto um cheiro nauseabundo a mijo e a tristeza... a iluminação é reduzida e as paredes pesadas e gastas sustentam segredos gigantes, só elas sabem o que se passa lá dentro!

Sinto que o asseio tirou uma férias prolongadas... talvez nunca mais volte ou talvez nunca lá tenha estado. Enquanto caminho até ao 1º piso observo o funcionamento daquela casa, não é hora de visita mas tenho autorização para frequentar o espaço fora desse horário... é uma regalia por morar a mais de 200 km's de distância.

Não sei como é o comportamento daquelas pessoas no horário de visita, mas neste período em que supostamente não está lá nenhum intruso a postura é deplorável! Sem receio e sem respeito pela dignidade dos velhos...

Entro na chamada sala de visitas, que não passa de um corredor estreito e muito comprido instalado numa marquise... as janelas abertas não chegam para arejar a casa e levar nas correntes de ar o cheiro mau e os olhares tristes e vazios daqueles velhos.

Percorro aflita com o meu olhar jovem e fresco, os rostos daquelas mulheres vestidas de negro, excessivamente vestidas, diga- se, para o calor que se faz sentir já àquela hora da manhã... as ventoinas penduradas no tecto giram rapidamente revoltando os cabelos despenteados e sujos, mas nem por isso refrescam o ambiente.

Estão sentadas em cadeiras junto à parede branca... ao 1º olhar o contraste das vestes pretas na parede clara parece- me um código de barras, como se fossem produtos numa prateleira de supermercado... os produtos que ninguém quer e que vão ficando empoeirados, é longa a espera...

Sinto no peito a força da angústia a apertar... não vejo o cara que procuro, onde está ela? Indicam- me o quarto onde ela se encontra deitada e absolutamente só. Quando me assomo à cama nem me reconhece... os seus óculos fortemente graduados estão na gaveta. Ainda bem... espero que não tenha também conseguido reconhecer a minha expressão de horror e as lágrimas que me encheram os olhos, incapaz de as reter aproveito para as secar nas maçãs do rosto enquanto procuro os óculos na mesa de cabeceira.

Contente por me ver avança efusiva na conversa desenrolando de um novelo desdemido um sem número de queixas e dores. Tento ouvir o que me diz, mas ainda estou perplexa com a sua imagem tão magra e tão pequena, tão frágil que bastava soprar com força para a derrubar da cama.

A muito custo conseguimos convencê- la a sair do quarto... escolhemos uma roupa fresca, penteamos o cabelo e sentamo- la na cadeira de rodas. Deixou de comer porque tem dores na boca, deixou de andar porque não tem força... depois de várias quedas entregou- se à cama. A nossa missão estava agora a começar... ainda tínhamos que a convencer a comer e a andar novamente.

Chegada ao corredor as amigas saúdam- na com um sorriso a apressam- se a cumprimentá- la com 2 beijos... a festa dura pouco, logo regressam aos seus lugares como se estivessem em formatura. Regressam ao seu pranto, aos seus pensamentos e os seus corpos voltam ao estado inerte em que se encontravam.

Já não é a primeira vez que lá vou, mas não consigo evitar a sensação de pena e de desassossego que me invade naquele sítio... ao fim de minutos já desejo sair a correr, porém sei que devo ficar porque ela merece que eu fique.

Tudo é velho e condizente com o estado de degradação da vida... os móveis, os mosaicos, a loiça das refeições, os televisores, as ventoinhas e claro, os próprios velhos... sentados, calados, inexpressivos na sua dor e na sua solidão. Limitam- se a existir, esperam por qualquer coisa... ou pelos filhos nas visitas de fim de semana ou por uma força maior que os leve para outro lugar.

Olham para nós de relance enquanto massajamos com creme as pernas cansadas da avó... intimamante anseiam pedir uma massagem para elas, mas não têm coragem ou não se sentem nesse direito.

Adormecem de costas curvadas para a frente... ternamente aconchego- as na cadeira e ajeito- lhes as pernas. Chega a hora da refeição, algumas descem ao piso inferior (piso misto, com homens e mulheres) onde fica o refeitório... outras mais fragilizadas almoçam ali mesmo numa sala pequena. Despejam- lhes a comida nos pratos e desaparecem... agora desenrasquem- se, façam pela vida!

Sem talheres para cortar a carne ou sem força e precisão para o fazer, deixam- na de lado ou comem com a mão... o cenário é terceiro mundista. Apressamo- nos a ir buscar talheres e cortamos em pedaços minúsculos a carne que têm no prato.

Já conseguimos levar a avó a almoçar e a dar uns passos trémulos, hesitantes e receosos... apesar de a ampararmos firmemente tem muito medo de cair outra vez!

Está na hora das despedidas... na minha cabeça oiço as vozes das funcionárias aos gritos com os velhos, sem carinho ou paciência para as suas maleitas. A avó vai ficar entregue aos cuidados daquelas pessoas rudes e completamente despreparadas para aquela função. Sinto a consciência a atacar- me numa luta interior onde não há vencedor... só a tristeza de chegar a velho e ter que viver assim... somente à espera da hora de mudar de mundo.

Queria pegar nela e nos outros velhos e trazê- los comigo... queria que vivessem com a dignidade que a idade e a experiência lhes conferem... queria tanta coisa, mas não posso... nem para a avó, quanto mais para todos os outros que lá estão. Em Agosto virá de férias para cá, mas até lá alguém tem que a "obrigar" a comer e a andar, quem será?

Mais vale não chegar a velho...

domingo, junho 19, 2005

UNO o meu calcanhar ...

De Aquiles...

Grande cartada de UNO no serão de sábado... suspeito de que afinal há mais leitores das *linhas do que o esperado... tendo alertado no Diário de "gaija" para a possível batota ao serão, todos os companheiros de jogo estiveram de olho vivo nas minhas jogadas!

Não estava previsto... não é que eu tenha o hábito de trapaçar durante o jogo, às vezes engano- me é a contar os pontos, escapando assim ao letal castigo da bebida final para os que atingiram mais pontuação!

Para começo de conversa logo na distribuição das cartas surge a polémica: iihhh... o que é isto? Apanhei uma gaiola cheia de canários ou quê... é só amarelos!! Quem é que badalhou as cartas?

Entretanto alguém esfrega as mãos de contentamento: Eu 'tou a avisar, alguém aqui ao meu lado vai beber!! ( ou seja, eu) Solta uma gargalhada estridente e aparecem- lhe uns corninhos vermelhos e um garfo na mão!

O companheiro do lado (eu mesma) apressadamente propõe uma troca de lugar com alguém (do tipo... vou ao WC, queres vir para o meu lugar, olha que esta cadeira é mais fofinha!!)... claro que ninguém aceita a troca... será bluff?? É melhor não arriscar!

__Qual é a cor? É 2 quê?? (temos que repetir até à exaustão qual é a carta em cima da mesa)

__Sou eu a jogar? (já para não falar nos meninos que jogam na sua vez e na dos outros invertendo a ordem do jogo... dependendo do nº de vezes que já perdemos, deixamos, ou não passar em branco... se já estamos a jogar há horas passa na calada da noite, se começámos há pouco tempo, é logo descoberto) É o quê? Toma lá +4!!

__+4? Querias que eu fosse buscar? he he he (sarcástico e medonho olhando para o lado e para mim, estilo pêndulo) Então toma lá tu +4!!! (não sei de onde aparecem tantas cartas +4, parece que fazem o milagre da multiplicação) E vão 8...

__Ischch... dá- me lá 8 cartas! Apanha as 8 e exclama... 'tás lixado... virem lá o sentido do jogo!! (este papel é, habitualmente, o meu)

__Qual é a cor? (Há sempre alguém que canta: A cor azul... o céu e o mundo, ou então Verde código verde, ou ainda amarilho ou um qualquer adepto do FCP quando a cor é vermelho: é cor de merda!)

__Quem é a jogar? Sou eu? Qual é a carta? Alguém está em UNO? (e o jogo prossegue... sempre a esta velocidade vertiginosa e com as perguntas da praxe)

Às tantas alguém grita eufórico: UNO, surge a contra- resposta em uníssono: UNO??? Já???

Começa o festival de despachar cartas pontuáveis... é vê- los ir buscar cartas e apanhar as tão indesejáveis setas, transparentes, coloridas e não jogas!

O desgraçado que estava em UNO será martelado de forma vil e grosseira, enquanto os colegas do lado tentam por todas as formas possíveis e impossíveis descobrir qual é a sua última carta! Só com muita sorte acaba o jogo na jogada seguinte... ou muita sorte ou com a famosa +4.

É neste momento que tenho mais um golpe de sorte... apanhar 4 cartas (quando não são 6, e já chegaram a ser 8 e 10... e mais houvesse!) por acumulação de +2... já tinha conseguido livrar uns quantos pontos mas com esta ida ao baralho fico novamente na miséria... até lhes perco a conta, é como contar ervilhas num saco de ultra- congelados !

Entre as cantorias e as chamadas de atenção para os jogadores distraídos com a conversa, as horas vão passando velozmente e as garrafas secando a um ritmo estonteante!

Quanto mais se perde, mais se bebe... e quanto mais se bebe mais se perde, há que ver que a capacidade para estabelecer uma raciocínio lógico vai diminuindo energicamente!

Fico com a nítida sensação de que há um esquema organizado contra mim... os meus companheiros têm sempre as melhores cartas... para mim sobram as chorudas na pontuação mas com pouca carga útil no decorrer da jogada. Tudo isto é muito suspeito... beber quatro vezes seguidas... huum, cheira- me a carta escondida na manga! Há aqui conspiração...

Não contentes, ainda fazem comentários acerca do meu mau perder (eu com mau perder? Mau perder, o quê... quantos são, hã? Nãããã... nada disso!! Logo eu que até estava tão bem dispostinha, apesar do sabor amargo da Vodka pura)... Gozam com a minha fraca sorte e fazem piadas que insinuam batotice quando o jogo me corre bem!

Já que viram o post anterior, pode ser que vejam este: não trapacei em momento algum do jogo, só fiz uns comentários com o parceiro do lado para safar uma carta +2 e uma de setas (nem se chegou a concretizar)... o mal é eu estar ocupada a avisar os jogadores quando é a sua vez e qual é a carta e quem está em UNO e denunciar "à cara podre" quem se esquece de dizer que está em UNO... e tudo isso. Uma espécie de fiscal de linha Unoide...

Em bem sabia que não devia jogar... não tenho sorte ao jogo!O que vale é que o castigo é aceitável mas lembrem- me de nunca jogar a dinheiro, caso contrário terei que fazer um crédito à habitação para pagar as dívidas!!!

NB.: Ai, como eu detesto perder!!! Porém reconheço: aceito melhor a derrota desde que comecei a jogar UNO!

sábado, junho 18, 2005

Diário de "gaija"

Cá estamos em mais um fim de semana de calor abrasador e nada de praia... "se não é do cu é das calças"... mais um dia de limpeza na maison!

Isto de ser "gaija" tem que se lhe diga... não é fácil digerir! Por muito modernos que os homens sejam ainda só oferecem ajuda, nunca se oferecem para fazer!!!

Ainda gostava de experimentar nesta encarnação ser eu a ajudar nas tarefas domésticas em vez de ser a ajudada!

Às 10h30 já ando às voltas na cama a pensar no que tenho que limpar... o chamado sofrer por antecipação... com o habital mau- humor matinal, lá consigo rebolar para fora dos lençóis e beber de enfiada o leite morno com 3 colheradas bem aviadas de chocolate.

Está na hora da higiene: limpar as remelas dos olhos inchados e etc e tal, e de avançar ferozmente para a esfregona e companhia limitada... 2 horas depois ainda o ajudante de serviço se saracoteia na frescura do quarto e já as arrumações vão bem encaminhadas ( já eu tresando a suor salgado que escorre pelas fontes: por favor não imaginem o meu aspecto, não é coisa bonita de se ver) ! Acorda rabugento por causa do barulho da loiça na máquina de lavar... com as raivoses efervescentes nos poros da minha pele, conto até 10 repetidas vezes numa tentativa de controlar a minha cólera... e sou bem sucedida!

Separar a roupa suja, limpar o pó, aspirar, passar a esfregona, deixar a roupa na máquina de lavar para quando acabar o almoço a estender ao sol (eu queria era estender- ME ao sol na areia fininha da praia, alternando o conforto da toalha com os refrescantes banhos de mar... mas lá tive que me contentar com a roupa no estendal) e por aí fora, num rol de tarefas que deixava a mais trabalhadora das formiguinhas aterrorizada e pronta para se dedicar à vida de cigarra!

Entre as 4 e as 5h já está tudo feito... tudo menos as compras semanais, mas isso vou deixar para o meu ajudante! A esta hora, arrancar para a praia já não faz muito sentido, porque eu sou daqueles que passam lá o dia inteiro... 2 horitas não chegam para tomar o gosto!

Este amor pela praia já vem de míuda... nem sequer é pelo bronze, porque a tonalidade da minhe pele, juntamente com a dos olhos e do cabelo sempre me valeram nos tempos de escola a alcunha de "Pocahontas"... eu gosto mesmo é de privar com as famílias que se juntam cedo na praia, com 4 chapéus de sol tamanho XXL e lençóis à volta para fazer sombrinha às crianças... as geleiras e a mesa de campismo, o frango assado e os croquetes, o cão e as bóias da pequenada! Encanta- me a alegria familiar, a rádio renascença na telefonia e as conversas que mantêm num volume 3 vezes acima do necessário!

O cão ladra e passa a correr por mim, enchendo- me de areia quando acabei de sacudir a toalha vinda de mais uma banhoca... mas não faz mal... é giro!! Os putos começam no berreiro porque têm calor e os papás, prontamente, lhes despejam nas costas um balde de água... gritam ainda mais alto... mas não faz mal... é giro!! O avô observa entusiasmado as garinas em topless e a avó finge que não vê porque... não faz mal... é giro!!

Com tanta coisa gira na praia porquê ficar nas limpezas? Amanhã será dia de viagem, esperam- me muitos e longos km's em direcção ao Baixo Alentejo, então penso com os meus botões "deixa- me cá aproveitar bem este dia porque amanhã terei que muito cedo erguer, para pela fresca a viagem fazer... hhuuumm, vou limpar a casa... isso é que vai ser curtir"!!!

É obvio que não foi nada disto que pensei com os meus botões... o que pensei foi "vou começar cedinho as limpezas, almoço na casa da sogra e quando forem 2h estou de toalha ao ombro, chinelo de enfiar o dedo (que já me acompanha há mais de 10 anos, o modelo já nem se fabrica, é daquele estilo banheira que tanto estimo pelo conforto e alegria que dá ao caminhar), protector na mochila (tal como tinha combinado com São Pedro) e ala que se faz tarde!"

A realidade foi bem diferente, como podem constatar neste diário... esfalfei- me irascível a trabalhar em casa... o apogeu do dia foi o perna de pau mega (não faço a brincadeira por menos, se é para comer gelado que seja um gelado que se veja) que fui comprar ao check- point CRVL ao fim da tarde! Chiça pá...não é justo!

Eu só queria passar umas horas imitando os lagartos ao sol... deslizando preguiçosamente da toalha para a água, jogando uma raquetada, fumando um cigarrito nos intervalos e rindo a bandeiras despregadas! Parece impossível!!! Vá lá que esta noite o programa CRVL promete muita animação... uma cartada de UNO... quem perde bebe! Lá vou ter que me esmerar na arte da batota... é que, para além de não ir à praia sempre que me apetece (o que seria todos os dias) eu tenho mesmo azar ao jogo!

Perante isto, só posso concluir (ao dizer isto a minha expressão facial acentua os lábios descaídos, como podem ver :-( e o meu olhar fica vazio mirando o pinheiro do outro lado da janela) "Sou uma desgraçadinha!"

sexta-feira, junho 17, 2005

A roulotte da Fátima

Nem de propósito... meus amigos, isto não pode ser coincidência! Ainda na 3ª feira falei sobre as roulottes do "Psicológico" e 1 dia depois eis que brota mais uma, com direito a publicidade gratuita nos telejornais e afins: a roulotte da Fátima Felgueiras!

Sob o slogan "Felgueiras em frente, está aqui a tua gente", é a prova provada de que existe algum aditivo nas roulotes que invade as nossas ondas cerebrais e nos leva a ter atitudes que mais tarde lamentamos, como comer a bifana ou assinar a lista da Fátima.

Os promotores da candidatura da Fáti dizem que a senhora tem um projecto maduro e muito interessante para o concelho; o que me leva a concluir que depois do saco azul (que lhe valeu uma viagem de ida ao Brasil e estadia com tudo incluído) vem por aí a saca de batatas (daquelas de 30 Kg's) que dará direito a uma volta ao mundo em 1460 dias... diz a campanha "Sempre presente" envolta num coração dourado e vermelho vivo... falta o fim da frase "Sempre presente para encher a bolsa da presidente"!

O comentário possível: Quero uma roulotte daquelas para mim!!!

Advertência: Perdoem- me a crueldade... a Fatinha ainda nem foi considerada culpada pelo tribunal e já estou para aqui a boicotar- lhe a campanha! Fá... não leves a mal, é brincadeirinha!

quinta-feira, junho 16, 2005

Cromeu e Julieta: 2º acto

Julieta já não não consegue pregar olho... o rendimento no trabalho já não é o mesmo e o apetite anda esquecido entre os olhares do professor e os sms's trocados pela madrugada fora.

Ansiosa pela próxima aula a romântica prepara- se para dar mais um passo em direcção à peça de olaria que tem vindo a moldar... inconsciente dos perigos que aquela peça pode representar para o seu coração frágil de menina crente.

O molde não é o que previra nos seus sonhos.... é mais rude e menos redondo com pontas afiadas que perfuram os seus sentimentos puros, mas nem por isso castos!

Sai desiludida e chorosa de mais uma lição que não correu como esperava! Acredita que tem que se empenhar mais para construir o seu sonho... será aquela peça que não corresponde aos seus anseios ou estará enganada no método...

Conformada com a desilusão é surprendida por mais um contacto inesperado! Prepara- se para deliniar os contornos da peça e começar a dar- lhe forma.

O professor chanfrado aperta o cerco e deixa a míuda no ponto de não retorno... ou fazemos o pote ou ficamos por aqui!

A romântica acredita que pode moldar o pote ao jeito do professor e depois decorá- lo ao seu jeito! Então encontram- se na oficina, fechados, sós e rodeados de peças que inspiram confiança e convidam à confecção!

E lá vão, sem medos entregam- se à arte da olaria pela noite dentro...

Durante os dias seguintes não dão sinais de vida... a peça está no forno e dentro de pouco tempo estará pronta para ser decorada... mas quem será o decorador de serviço? A romântica que procura cores quentes ou o professor que só tem tintas ásperas e secas?

Enquanto espera pela cozedura do pote, Julieta interroga- se: Devo fazer uma colecção ou ficar por aqui?

Conclui que aquele pote ficou simpático mas há oleiros menos perigosos, mais calorosos e dispostos a ensinar a arte da olaria com o compromisso que o barro exige...

quarta-feira, junho 15, 2005

Cromeu e Julieta: Amor séc XXI

1º Acto

Cromeu é professor de olaria, Julieta escreve histórias todo o dia. Ele é daqui para a frente o professor chanfrado... ela será a romântica inveterada! Uma história de desamor, ou não, em *linhas...

Julieta multifacetada inscreve- se na escola de olaria e conhece o professor chanfrado! Ela é graciosa e atraente no seu jeito de menina... ele é mais velho e interessante no seu jeito experiente!

Desde cedo, Julieta sente o ataque cerrado do olhar prolixo do prof chanfrado e deixa- se apanhar no pote de oleiro que a envolve, convencida de que é ela que molda nas mãos o barro da peça, desconhecendo que é ele que, atrevidamente, lhe dá forma...

A romântica sonha com a próxima aula prática onde procura sorrateiramente o contacto com o prof chanfrado.... estuda afincadamente para não fazer má figura e desespera com a dificuldade em talhar a peça; já ele finge- se desinteressado esperando o momento certo para moldar o corpo da Julieta nas suas mãos.

Entre sorrisos e olhares, que nunca passam disso mesmo (a não ser nos sonhos da Julieta acordada ) encontram- se fora da escola! Ambos sabem que o encontro não foi por acaso, os 2 forçaram- no simuladamente...

Na confusão nocturna dos bares e dos copos trocados, Cromeu atreve- se a dirigir os primeiros passos descarados na direcção da Julieta... na verdade já o tinha feito nas aulas mas Julieta incrédula não os tinha visto!

Segue- se uma longa noite de sms's e ataques furtivos à Julieta romântica que lê histórias encantadas nas palavras directas e atamancadas do professor, enquanto delira com a banda sonora do Top Gun. Cromeu promete sexo selvagem e livre de compromisso... a romântica anseia por amor doce e pegajoso!

No 2º acto Cromeu faz o cerco a Julieta... não percam o próximo episódio, porque nós... também não!!! (Ao velho estilo Dragon Ball)

terça-feira, junho 14, 2005

O "psicológico"

Desconfio que anda aí uma rede de roulottes "Psicológico" cujo objectivo é agarrar- nos pela cabeça e não pelo estômago!

Estou convicta de que há algum tipo de franchising à volta destas roulottes... não é possível que consigam estar em tantos locais em simultâneo! Vejo- os em concentrações, festivais de Verão, festas... em todos os pontos onde haja ajuntamento de pessoas lá está a roulotte do "Psicológico".

Espanta- me que ainda existam pessoas dispostas a degustar os paladares repetidos destas roulottes... será pelo óleo queimado de fritar dezenas e dezenas de bifanas e bitoques na mesma noite? Será pelos cachorros repletos de batatas fritas e outros condimentos igualmente repugnantes e enjoativos? Será pelo cheiro a fritos? Será pelos artigos expostos à poluição e à bicharada?

Cheira- me a conspiração... Será que já está instalado um sistema de escutas telefónicas ao "Psicológico" e restantes comparsas? Deve haver um aditivo viciante naquela comida, só isso justifica que as roulottes se multipliquem como cogumelos por esse país fora! No início ainda se compreendia porque era novidade, mas agora... não entendo como este negócio continua em franca ascenção!

Estarei equivocada, confusa, induzida em erro...? É apetitosa a comida das roulottes... a fome é negra? Não existe nenhuma substância viciante nas bifanas? É puro paladar o que vos leva a comer lá (no "Psicológico" ou noutra roulotte qualquer)?

Esclareçam- me porque esta dúvida está a conduzir- me à insanidade mental! Terei comido demasiadas bifanas do "Psicológico"? Afinal é estomacal ou cerebral?

segunda-feira, junho 13, 2005

Consultório: será raiva

Senhor doutor veterinário,

Pela primeira vez em toda a minha existência um cão mordeu- me... e como estou surpreendida!!! Aliás, ainda não consegui repousar o sobrolho no seu estado normal arqueado... há 2 dias que ando de sobrancelha franzida em perfeita condição de vigilância.

Um meia- leca que conheço para lá de 7 anos teve a audácia de me trincar descaradamente e não contente, ainda ficou amuado depois de levar valente safanão dirigido ao seu corpo pequeno e gordo, mas afinal quem é que manda cá em casa?

O jantar era familiar e não estavam convidados elementos caninos (os outros 2 tinham ficado do lado de fora... a matilha lá de casa é constituída por 3: o meia- leca, a nusca e o meu fiel pastor) mas o "piqueno" cheio de maus vícios lá conseguiu furar a segurança entrando no perímetro que lhe estava vedado... mais um dos seus vis actos de libertinagem!

Tudo corria bem enquanto se limitou a ficar refastelado na poltrona mas "cavou o seu buraco" ou melhor, talhou o seu caminho para a saída quando decidiu importunar os demais presentes mendigando no seu jeito canino pedaços de comida! Sabemos que abunda o colesterol naquele corpinho e já havíamos decidido não lhe dar restos à mesa... não é que ele tivesse fome, era somente vontade de comer...

Alguns dos convidados ainda cederam à chantagem emocional do meia- leca... como só ele sabe fazer... deve ser a cara 39, a de coitadinho que aplica como máscara na presença de humanos... enruga a testa, as orelhitas para trás (parece que usa fitinha para as segurar) e os olhinhos pequenos fitando a comida! Quem é que resiste àquela cara?

Só quem já lhe conhece as manhas não se deixa levar no enredo... como eu! Tocou- me a mim a tarefa de o expulsar para o lado de fora, para junto dos seus amigos de 4 patas! Foi neste preciso momento em que o pegava pela coleira que senti os seus dentinhos afiados a perfurar a minha carne tenra!

Os instantes seguintes foram de sofrimento para os 2... vem de lá o meu defensor de forma assaz furiosa e aufere- lhe um rude golpe que o devolve à sua pequenez canina! Pegando- o ao nível do rosto e olhando- o olhos nos olhos, mostra- lhe o caminho... estás na rua!

Não foram os seus dentinhos afiados que me magoram na pele... foram os seus olhos negros envoltos em ódio que me feriram! Sempre defendi os canitos e me compadeci dos seus problemas mas este episódio foi a gota de água no copo cheio.

Nunca confiei muito no meia- leca... sempre soube que era um interesseiro! Um espécime que distribui lambidelas sempre que fareja comida por perto não podia ser de fiar... nesse mesmo dia escolhi os melhores ossos para o fiel pastor e sua amiga nusca que se deliciaram com a brincadeira... para o meia- leca deixei os restantes e depositei- os friamente na sua malga, enquanto proferia palavras tristes e zangadas, que estou certa de ele ter percebido!

A minha dúvida, senhor doutor veterinário, é a seguinte: qual de nós terá raiva?

sábado, junho 11, 2005

São Pedro e eu

Já não é de agora... sinto que São Pedro nutre por mim um tipo de sentimento algo peculiar; acredito que anda preocupado com a minha saúde e receoso face a um possível escaldão!

Tenho andado a reparar que altera subitamente o estado do tempo sempre que decido ir até à praia... durante a semana, enquanto me desunho a trabalhar, brinda- me com um sol fulguroso e temperaturas de cortar a respiração e ao fim de semana presenteia- me com um céu melancólico repleto de castelos que não deixam ver o astro rei.

Biquini novo, restos de protector solar (do ano passado), ausência de pilosidade, a companhia certa, motociclo com o depósito atestado... só falta o calor!

Pois tenho a dizer a São Pedro que ainda hoje vou comprar nova embalagem de protector com o factor de protecção mais elevado que existir no mercado... o estimado santo escusa de estar abespinhado comigo, garanto que vou besuntar- me com o gorduroso produto que preserva e bronzeia a epiderme, durante o período em que me encontrar no areal da Fonte da Telha... e mais, afirmo solenemente que vou fazê- lo várias vezes.

Proponho, então, que celebremos um contrato neste preciso instante... comprometo- me a aplicar o gorduroso várias vezes ao dia e São Pedro garante- me sol, calor e vento soprando fraco nos dias em que resolvo ir à praia! (Não querendo abusar da boa vontade... pode também deixar a água do mar ali na casa dos 22 a 23 graus...) Que tal..? Assim ficamos todos bem!

Por outro lado, e caso o santo esteja apreensivo e irrequieto, não só pela minha saúde mas também pelos incêndios que vão consumindo o nosso país todos os anos, devo dizer- lhe que o nosso eficaz e eficiente governo já garantiu todos os meios para controlar esse flagelo... quer isto dizer que pode fazer calor à-vontade sem medos ou inquietações porque está tudo a postos e nos seus devidos lugares, para evitar as catástofres derivadas do abrasamento total ou parcial de edifícios e florestas.

Agora que estamos esclarecidos quanto à minha saúde e à saúde das florestas nacionais, não vejo por que razão o sol ainda está encoberto lá fora... ainda não teve tempo de ler esta epístola até ao fim? Desconfia dos meus motivos? Já percebi, desconfia do governo não é? Então proponho outro pacto: Proteja lá as florestas do nosso país e deixe o sol e o calor ali algures na margem sul... Fonte da Telha junto ao Pestinha!

Sempre soube que sou especial para São Pedro... há uma química entre nós...

sexta-feira, junho 10, 2005

Prova dos (9) vinhos

Não me perguntem porquê prova dos 9... nunca a soube fazer, a minha professora sempre insistiu na operação inversa... tipo contra- prova como a que se faz quando o teste do balão acusa no mostrador um valor que não nos convém... pedimos a contra- prova e enquanto chegamos e não chegamos à esquadra lá vamos mastigando entusiasticamente uma MaxAir de fazer saltar a tampa, na vã esperança que o efeito do álcool ingerido vá diluindo no sangue e o cérebro deixe de fazer eco! No percurso vamos rezando a todos os santinhos dos aflitos e fazendo promessas como: "Eh pá, juro... juro que se me safar desta, à próxima bebo só uma garrafa de 75 cl!"

Uma coisa leva a outra porque "as palavras são como as cerejas" (nunca percebi muito bem o real sentido desta expressão; será porque a seguir a uma vem sempre outra? A verdade verdadinha é que à conta desse ditado já apanhei uma valente dor de barriga com cerejas... na altura em que comia caroços e tudo; outros tempos...) e se queria falar da prova de vinho tinha inevitavelmente que falar da prova dos 9!

A prova de vinhos consiste em:

1. Abrir a garrafa com um saca- rolhas e nunca com uma caneta... recorrendo a este método (da caneta) por não haver saca- rolhas, a rolha vai ficar mergulhada no vinho e "cada macaco no seu galho", podemos ser bons na arte da cortiça mas o vinho não é gasolina (apesar de às vezes parecer): bebe- se sem aditivos;

2. Não despejar o líquido no copo abruptamente como se fosse leite de vaca... principalmente se se tratar de vinho tinto... vai certamente salpicar a toalha e todos sabemos como é custoso tirar nódoas de vinho tinto (à excepção da publicidade em que basta deixar de molho uns instantes);

3. Não utilizar uma caneca para fazer a prova... num copo de pé e vidro fininho o néctar tem outro sabor e dá muito mais jeito para segurar na mão;

4. Ver a consistência do líquido balançando levemente o copo; repito que deve ser levemente, o copo não é nenhuma montanha russa;

5. Cheirar o dito... se cheirar a vinho não será com certeza sumo de morango; devem sempre cheirar para não correrem o risco de beber "gato por lebre";

6. Dar o primeiro trago e sorver o néctar delicadamente como que a degustar o mais infímo mililitro;

7. Abanar a cabeça para cima e para baixo em sentido afirmativo avaliando a exceclente categoria do sumo e servir- se;

8. Nunca calcar vinho... assim que o verter no copo beber de uma só vez para poder servir mais logo em seguida;

9. A prova dos 9... depois de executar os 8 passos, repetindo o último por número de vezes indeterminado, a prova dos 9 cifra- se a, de olhos fechados, conseguir tocar à primeira vez com o dedo indicador na ponta do nariz. Se conseguir é porque falhou algum dos passos!

Posto isto, e se a prova dos 9 deu positivo, ponham a mão na consciência e digam- me... acham bem conduzir neste estado de embriaguez? Acham... acham...? Mau meninos, muito mau... (digo, com ar misto de mãe e professora do 1º ciclo) vamos lá a ter juizinho na moleirinha, que eles andam aí que nem cães!!!

quinta-feira, junho 09, 2005

Obrigada DVD

Esta semana dirigi- me a um clube de vídeo e registei com muita satisfação que mudaram a disposição dos filmes nas prateleiras... já não era sem tempo, finalmente uma ideia genial!

Desconheço de todo há quanto tempo esta alteração terá entrado em vigor... cada vez que vou alugar um filme o cartão de sócio já foi cancelado e tenho que fazer uma actualização dos dados para o reactivar... desta vez disseram -me que já não me punham a vista em cima desde Agosto de 2004, porque será? Nunca se interrogaram... nunca tresandaram de curiosidade para saber o motivo de ausências tão prolongadas?

A resposta é muito simples: na grande maioria das vezes não levo nenhum filme fisgado, logo não sei o que alugar... ora, não levar uma ideia predefinida obriga- me a correr as prateleiras em busca da fita ideal... o que era (agora já não é) extremamente severo para a minha saúde e passo a explicar: a disposição dos VHS's nas prateleiras, com a lombada virada para fora, forçava- me a inclinar a cabeça ora para a esquerda, ora para a direita numa tentativa de ler os títulos das obras expostas para consumo e assim eleger o sortudo que iria comigo para casa!

Como calculam, escolher a película certa não é fácil e aquele exercitar para um lado e para o outro deixava as suas mazelas... umas dores no pescoço que não raras vezes degeneravam em torcicolos.

Agora que os VHS's foram substituídos pelos DVD's e já não temos que inclinar a cabeça para os lados para conseguirmos ler os títulos, vou passar a frequentar muito mais o Clube de Vídeo... a partir de agora vou lá duas vezes por ano, no mínimo...

PS.: Aluguei o Kill Bill 2... desta vez e como não sabia desta alteração nas prateleiras já levava uma ideia fixa sobre o filme que queria ver! Aconselho fulgurantemente, o filme é um bom filme...

quarta-feira, junho 08, 2005

Carta aberta ao carteiro

Sr Carteiro

Visto que não consigo encontrar- me com sua excelência e sendo o senhor um homem das cartas, achei por bem dirigir- lhe esta humilde missiva.

Redijo estas linhas para lhe demonstrar o meu descontentamento contido pela sua falta de pontaria. Parece que as minhas cartas têm tendência para se alojar na caixa de correio do vizinho... será porque a minha fica exposta ao sol e elas têm calor? Nesse caso, será que a minha correspondência tem vontade própria? Deverei chamar o Mulder e a Scully (nunca vi a série mas sei que trata de fenómenos estranhos e este é com certeza um deles)?

É verdade que a minha correspondência é totalmente indesejada cá em casa (só recebo o extracto bancário e contas para pagar) mas não carece sua excelência de a deixar na caixa alheia para me poupar a esse desagrado, porque mesmo assim, terei que efectuar o pagamento das ditas contas... o que acontece fora do prazo estipulado nas facturas, pelo que ainda tenho que pagar coimas pelo pagamento retardado!

Caso estas duas hipóteses não correspondam à verdade dos acontecimentos, só me resta uma: estará sua excelência precisada de uma consulta de oftalmologia? Terá dificuldade extrema em distinguir a letra B da letra A (que aparece na morada do destinatário)? Se o que o afecta é miopia, estigmatismo ou outro, faça o favor de dizer; conheço pessoas que resolveram esse problema num abrir e fechar de olhos; é uma questão de marcar uma consulta no especialista ou se preferir toque à minha campainha logo pela manhã... com a minha disposição matinal sou capaz de lhe arrancar um olho e resolve- se de imediato o dilema!

Aponto ainda para outra hipótese neste raciocínio deveras ponderado que tento levar até si... estará sua excelência a exercer sobre a minha pessoa uma subtil forma de vingança por na minha antiga morada (aqui mesmo, meia dúzia de ruas abaixo) existir um cachorro que lhe fez a vida negra? Espero, Senhor Carteiro, que não seja este o motivo do seu descuido... olhe que o cachorro já é um cão de porte considerável e não me escuso de recorrer a ele para o senhor "entrar na linha"... (se é que me faço entender!)

Faça a fineza de me esclarecer para podermos, de forma amigável, resolver este enigmático caso da correspondência trocada.

Sem mais, subscrevo-me com elevada estima e consideração, aguardando com brevidade as suas prezadas notícias na MINHA caixa de correio!

segunda-feira, junho 06, 2005

Convocatória

Estão convocados para me acompanhar na alegria e na tristeza, na saúde e na doença e restantes dias:

1. O pano do pó: aquele de flanela laranja que limpa sem riscar! NÃO ao novo e moderno sistema Swiffer, ABAIXO o espanador;

2. O carregador de isqueiro: ocupa pouco espaço entre a bagunça do porta- luvas (que tem tudo menos luvas)! Desde que o emprestei a minha vida nunca mais foi a mesma... quando oiço o pi pi pi do tm já sei que morreu para o mundo e já nem um sms consigo enviar;

3. O elevador: só subo escadas até ao 1º piso; a partir do 2º os calcanhares pregam- se aos degraus e há tropeções garantidos, mesmo estando sóbria (lembro- me de um destes dias ter chegado a casa a umas belas horas, satisfeita por não ter ingerido álcool ou qualquer outra substância que altere as dimensões espaciais... mesmo assim consegui tropeçar num degrau fazendo tamanho motim que dava para acordar um exército... claro que fiquei com a fama sem ter tido o proveito);

4. As calças de ganga: qualquer que seja a estação do ano! Indispensável: ter bolsos atrás! Dão bem com tudo e comprimem aquele volume indesejado nas zonas mais salientes, para além disso não encontro nada mais confortável (a não ser as calças de fato de treino mas estas estão a milhas de ser "fashion"... ainda não se vendem na Salsa e companhia lda);

5. O corta- unhas: podemos ser águias de coração mas isso não nos dá o direito de calçar 3 números acima do nosso por não cortarmos a unhaca;

6. Sorrisos rasgados: desde que se riam para mim e não de mim; não suporto gente sisuda... sinto- me invadida por ondas negativas que me sugam a energia que tanto me custa a acumular através da ingestão de espinafres (vegetal que não aprecio de todo);

7. Amigos do peito: só esses, os das coxas e restante esqueleto dispenso;

8. Rádio, notícias e música: sem comentário possível! Não me imagino sem;

9. Alho: esse milagre da natureza que vai com todos os pratos (deduzo que já estejam a pensar no dito zombeteiro= chalaça); na próxima gripe ou constipação experimentem um dente de alho no fundo de um copo de leite, é tiro e queda... fica um gosto esquisito na boca mas mata o bicho;

10. Margaridas: as minhas flores preferidas, são simples, coloridas e muito mais baratas que rosas ou quaisquer outras (e nem por isso menos alegres);

11. A lista é grande e não quero maçar- vos... fazemos isto em várias partes! Por agora ficamos por aqui... as partes picantes ou menos castas ficam para próximas edições com bolinha no canto superior direito...

domingo, junho 05, 2005

O endiabrado cortador de relva

Domingo, 16h28. Sei de fonte tão fidedigna quanto possível que o mercúrio dos termómetros ronda os 34 graus... circulo por casa descalça (afinal ontem foi dia de limpezas e o chão brilha resplandecente) e com o mínimo e indispensável vestuário para poder assomar à janela...

Da sala escuto o som metálico vindo da TV onde corre a playstation com o famoso "grand theft auto"... gosto daquele jogo (apesar de não jogar). O protagonista CJ faz quase tudo o que queremos: compra fatiota nova, vai ao barbeiro, faz umas missões e pelo meio tem namorada e conduz todo e qualquer artefacto que se desloque na via pública! É um jogo que aconselho para os aficionados das consolas! ( Ai que já me pesam os bolsos com esta publicidade gratuita nas *linhas)

Subitamente um outro som entra pela casa adentro sem ser convidado: o endiabrado cortador de relva do vizinho da frente! Espreito à janela incrédula... será uma partida que os olhos me pregam, serão os resquícios de álcool no sangue do longo jantar de ontem?

Avisto um ser empunhando um selvagem cortador de relva que ruge implacável! De galochas e calções, em tronco nu, ostentado um boné de pala (oferecido numa troca de pontos do cartão Galp ou coisa do género) o homem avança inflexível em direcção à relva (salvo seja, visto daqui de cima parecem- me só ervas daninas)!

Com este calor diabólico temo que o senhor coza os pulmões ao sol! Ouvi dizer que uma senhora da terra da minha mãe (Baixo Alentejo) teve essa sorte fatídica enquanto lavava orgulhosa no tanque exposto ao sol pela hora da calma! Nunca cheguei a confirmar a veracidade da história mas a minha avó acredita piamente que sim!

O endiabrado prossegue o seu caminho por entre a relva sem apresentar sinais de cansaço ou indicadores de paragem a curto prazo... imagino, solidária com os animais que habitam naquele espaço, o terror que será aquele banzé... aquela chinfrineira a ecoar nas paredes da casa do modesto caracol! Se não se apressa ainda vê as lâminas a roçar os corninhos ao sol!

Atónita de espanto comento "o homem é doido... está alienado e possuído pela insensatez! Um puro acto de leviandade para um domingo à tarde com um sol abrasador!" é isso e ir para a praia nestes dias... estava capaz de jurar que está um trânsito louco nos acessos às praias e que amanhã teremos o prazer de encontrar uns quantos camarões fritos!

Então pensei... "huummm, tenho que partilhar esta experiência enriquecedora nas *linhas! O mundo anseia por saber estas histórias..."

Prova de amor

"Querido, amas- me?... Queres casar comingo!? Então vamos fazer o teste de fidelidade da TVI" E lá vai o casalinho todo contentinho para a televisão!

É isto que nos querem fazer crer mas parece- me pouco credível que alguém no seu perfeito juízo se preste a este papel! Ontem li que a TVI convidava casais nas estações do metro, para fazer castings para o programa oferecendo para o efeito 250 euros ao casal. A estação prontamente desmentiu a notícia e ainda disse que alguém andava a fazer dinheiro às suas custas.

Ai ai ai ai ai... Mau Maria!- exclamo asperamente- Então afinal quem é o mentiroso?

Para tirar as teimas decidi ver o programa... porém tive que deixar o volume da TV no minímo! (agora que regressei ao meu estado de pura maledicência posso clamar de alta voz: O programa é horripilante!)

Os sedutores não seduzem minimamente, os actores não representam por aí além (Existe guião? Mas alguém vai a uma entrevista de emprego num quarto de hotel? No caso já se sabe que os testes de admissão são feitos na horizontal, ninguém é ingénuo ao ponto de pensar o contrário!)... enfim, sem grandes rodeios: um espectáculo deplorável!

O enredo promete! O público presente vibra com as investidas do traidor e da sedutora armados em garganeiros... a encornada sofre enquanto assiste impávida e entorpecida... entre dentes brada raios e coriscos e promete vingança!

Nas legendas podemos ler "Tatiana fica furiosa ao ver Marco dizer à sedutora que tem um corpo bonito"; "Tatiana chora ao ver Marco despir a camisa cheio de tesão" e outras igualmente repletas de conteúdo de interesse público.

Depois das imagens e de o apresentador em estado orgásmico voltar a si, eis que o traidor entra em palco seguido da (supostamente) sedutora. Seguem- se cenas de pugilato, um incentivo à violência doméstica e uma clara demonstração da precariedade de sentimentos que só vem comprovar a teoria da evolução da espécie humana como descendente do macaco! Os senhores em causa ainda estão na fase cromagnon... um tipo de ser humano arraçado de cromo (repetido).

É mau se pensarmos que não é encenação e torna- se ainda pior se pensarmos que é combinado... uma espécie de prostituição consentida pelo casal e pela sociedade sob a forma de audiência.

O que há de divertido nisto? A falta de dignidade e de princípios não me fazem rir! Será pelos corpos roliços e torneados!? Se sim, ficamos melhor com um qualquer filme erótico disponível no clube de vídeo ali da esquina!

Ai amor (audiência), amor (audiência) a quanto obrigas...

sexta-feira, junho 03, 2005

Má língua

Depois de 20 posts publicados é chegado o momento da retrospectiva (sempre gostei de retrospectivas) …

Após uma profunda leitura diagonal, chego à triste conclusão que só escrevo para falar mal! Para me redimir dos meus pecados decidi pôr pimenta na ponta dos dedos e hoje (e só hoje) falar bem!!

Tic… tac… tic… tac… tic… tac.. TIC… TIC (fez curto circuito!!) o tempo passa e nada se passa na minha massa encefálica... Maldição! Parece que não consigo falar bem de nada!

Finalmente! Lembro- me dos saborosos gelados McDonnalds; estava capaz de sair de casa para ir comprar um de caramelo... pelo caminho passava pelo vendedor ambulante que monta a barraquinha na EN, para trazer umas cerejas ou ananases... por incrível que pareça aquele vendedor de beira da estrada tem pagamento por MB!

Pena é, que a estas horas... nem um, nem outro!

O importante é que já fiz dois elogios... hã? Que tal... assim de repente muita maluca até consegui lá chegar!
...
Novo compasso de espera...

MÚSICA! Não interessa o estilo porque os "gostos não se discutem, lamentam- se"! Essa linguagem universal que nos passa tantas sensações... há sempre uma a condizer com o nosso estado de espírito!! O que seria das nossas vidas sem as melodias? Música = perfeito!

Já pensaram como seriam as novelas e os filmes sem banda sonora? E o banho sem música? (Isso os meus vizinhos até agradeciam!) E a rádio sem música? E os momentos de raiva, romance, tristeza e felicidade sem música? Um tédio! Deixava de existir o Top + e o Made in Portugal ( do mal o menos...), acabava- se a MTV, VH1 e outros tantos! Era o fim dos piratas e dos programas para distribuir som à borlix pela net...

De pulmão aberto grito "Socorro, acordem- me deste pesadelo!"

Agora que penso na vida sem canções apetece- me dizer ao mundo: Música... estou apaixonada por ti!



PS.: E com esta sinto que paguei por todas as linhas que escrevi a falar mal... a partir de amanhã posso voltar ao meu estado de maldizer... foi preciso passar por isto para dar o devido apreço... é muito mais fácil criticar do que elogiar... agora percebo! Tenho que me esforçar mais, fica prometido!

quinta-feira, junho 02, 2005

"Vivó" pensinho

Afinal não são os deuses que andam loucos... os criativos da publicidade é que já tiveram dias melhores, ou talvez não!

Estimula- me a curiosidade saber quem serão os autores dos anúncios dos pensos higiénicos e companhia limitada.

Pensem nas mulheres com quem lidam diariamente e digam- me com toda a franqueza: já viram alguma ficar tão jubilosa por estar menstruada, como as que aparecem nos anúncios?

"Contra factos não há argumentos" e é um facto que são dias difíceis! Então porque é que inventam anúncios patetas com mulheres eufóricas com o seu estado menstrual? Haja o pensinho que houver... até podia ser tecido pelos deuses, com fios de ouro e bordado a diamante que o resultado seria o mesmo! Continuamos a sentir dores e perturbação de espírito.

Até parece que o período é um acontecimento apoteótico... analisando com a devida frieza e imparcialidade, posso dizer que já houve meses em que ansiei avidamente pela sua chegada, em que saltei radiante quando desceu a rua, mas quem nunca apanhou um susto que "atire a primeira pedra"!

Salvo estas excepções, não me lembro de nenhuma outra ocasião em que tenha sentido tamanha vuloptuosidade com o período menstrual. Alguém falhou quando criou o sexo feminino... podia ter pensado numa alternativa que incomodasse menos.

Não é o fim do mundo mas está longe de ser formidável como nos querem fazer crer na publicidade!

Lembro-me de um spot catita... era da OB (vou receber milhões por ter falado nesta marca, aqui no blog *linha)... uma miúda vestindo uns calções alvos e justos passeia o cão; depara- se com um grupo de rapaziada e tem que passar no meio; fica apavorada até se lembrar que usa OB... então avança ostentando um sorriso rasgado!

Isto sim era um anúncio criativo e que corresponde minimamente à verdade! Lembro- me com clareza de situações em que as minhas amigas me perguntavem (e eu a elas) "Nota- se? Vê lá se se nota!", altura em que eu olhava sorrateiramente enquanto fingia apertar os ténis e ela dava uns passos à frente!

Tirando este spot (que já é velhinho)... não me recordo de mais nenhum tão airoso!

Por tudo isto só posso acreditar que são homens os autores daqueles guiões brilhantes... por outro lado tenho que reconhecer... não sei se conseguia fazer melhor que eles!

quarta-feira, junho 01, 2005

A fé nos homens

Ele há dias impossíveis... Nem sequer é segunda- feira mas o sídrome desse dia fadado para a desgraça insiste em ficar... uma espécie de nuvem negra (como a do tio Patinhas) que paira por cima da minha cabeça!

Parece mentira mas não é... então? Já estão com a pulguinha atrás da orelha, doidos por saber o que aconteceu, seus mentecaptos!? (Sem ofensa, estou só a descarregar a minha cólera.)

Não se passou nada que seja novidade... apenas mais um episódio repetido da série das nossas vidas vulgares e desprovidas de sentido!

É nestes dias que me interrogo em delírio: O que aconteceu à fé nos homens?

Parece que há indivíduos que têm como único objectivo na vida maçar os outros... quando abrem a pestana (tana) o primeiro pensamento é: Quem é que vou chatear hoje? Como é que o vou fazer? Será que isso será mau o suficiente... hummm, é melhor traçar um plano B. ( E já lá vão 3 pensamentos, todos destinados a importunar os outros.) Safa... não há traseiro (oh p'ra mim a ser delicadinha) que aguente!

Falta de *linha é esses patifes, salafrários, apoucados de juízo e outros nomes insultuosos que não vou dizer para não ferir a sensibilidade alheia, cruzarem sempre o nosso caminho!

Vou traçar uma linha no monitor (como se fosse no chão)... de um lado os crentes nos sentimentos nobres
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do outro os que deixaram de ter fé nos homens...

Decidam de que lado querem ficar e façam o favor de agir em conformidade!

NB.: Não é nada de pessoal contra alguém em especial, é um sentimento brutal contra o mundo em geral!

Garganta funda

Finalmente... 40 anos depois do escândalo está descoberta a identidade do "deep throat"!

Para os mais distraídos ou pouco interessados nestas matérias... Garganta Funda não é apenas um filme porno de renome... por trás de "Garganta Funda" esconde- se uma história digna de uma película "Hollywoodesca"!

Com que então, Mark Felt (antigo director do FBI, agora com 91 anos) foi o informador dos jornalistas do Washington Post, que trouxeram a lume os contornos pouco claros da campanha de Nixon... muito me contam!

Watergate - um dos segredos mais bem guardados da investigação jornalística, na preservação da ética profissional e do anonimato das fontes!

Preferia que o segredo ficasse por revelar... deve ser o meu lado romântico a falar!

A propósito, perdoem- me a ignorância... mas... porquê Garganta Funda? O nome parece realmente, mais adequado a um filme porno que a uma fonte de informação de um caso que levou mesmo à demissão de um presidente...

Dúvidas existenciais...