O que dizer depois de mais um bárbaro atentado à integridade humana, à tolerância entre os povos e credos... não consigo ficar indiferente! Pode ser receio, medo ou mesmo pavor de passar pelo mesmo... de um destes dias passar na ponte 25 Abril e sentir o chão desabar por baixo! Mesmo que não seja eu a sucumbir à desgraça... e se for um amigo, um familiar, um colega ou um conhecido?
Fico indignada com a falta de respeito pelo próximo e penso muitas vezes no que terá acontecido àqueles valores que nos ensinam na escola primária, como a preservação do ambiente e dizer NÃO à guerra. Pode parecer lamechice, mas qual é o problema de ser lamechas? Hoje decidi deixar o coração falar e as palavras fluem como gritos soltos numa estranha e complexa harmonia.
Lembro- me dos ensinamentos da professora... das suas tentativas para apaziguar as acaloradas discussões entre colegas de turma e de como éramos levados a defender acerrimamente a paz no mundo. Ainda hoje sinto que essa visão utópica vive em mim e sei que as crianças de agora sentem o mesmo... mas o que acontece quando crescemos? Porque será que esquecemos esse desejo de paz? Cedemos aos apelos do mundo moderno e transformamos os nossos actos puros em atitudes mesquinhas e desconfortáveis... só para ser melhor que o outro, só para ficar a ganhar.
Crescemos assim e não sabemos viver de outra forma... depois ficamos espantados quando vemos reportagens sobre pequenas comunidades que vivem isoladas do resto do mundo, vivem daquilo que a terra dá e criam alguns animais... só o suficiente para assegurar a subsistência. É bom viver com os luxos da vida moderna e ter um telhado que não voa quando há tempestade, porém sentimo- nos mal quando pensamos na forma vil como encaramos a vida... quais são os nossos objectivos?
Terá sido para isto que a espécie humana evoluiu? Para nos matarmos uns aos outros por desejos de riqueza e de poder? Ao menos os animais lutam por motivos válidos como o sexo! Se realmente existem ET's devem rir desalmadamente da nossa triste figura... lutando toda a vida por dinheiro!
Não dou razão aos americanos e restante trupe, nem aos árabes, nem aos católicos, nem aos budas... a razão não a dou a ninguém porque não sou hipócrita a esse ponto; tenho plena consciência de que entre nações a solidariedade é puro cinismo e interesse nas contrapartidas... lamento que assim seja.
Não compreendo porque não conseguimos respeitar- nos uns aos outros, porque não conseguimos ser tolerantes, porque somos tão espertos, inteligentes e desenvolvidos ao ponto de criar máquinas que trabalham por nós e aperfeiçoar a ciência e tantas outras coisas... e depois somos tão básicos que não sabemos viver com as diferenças e aceitá- las!
Fixo o olhar na parede clara e penso no quotidiano... se em actos simples do dia- a- dia, no contacto com os colegas de trabalho e com os amigos assistimos a acções pouco bonitas e que em nada abonam a espécie humana, se assistimos a programas como a Quinta das Celebridades (e outros do estilo) e nos deparamos com situações de conspiração, de maledicência e difamação e nada fazemos (porque não podemos ou não queremos) para mudar... então como alterar o estado das coisas quando movimentam tantos interesses e tanta riqueza?
No fundo são todos iguais... todos querem o mesmo. E nós, ilustres desconhecidos, cidadãos anónimos, o que é que queremos? Ninguém acredita na bondade e todos ficam surpreendidos quando se ajuda pelo prazer de ajudar e se é bom pelo prazer de o ser... ser bom é ser estúpido (nem sei como ainda não alteraram o significado da palavra nos dicionários) e ter este tipo de discurso é piegas e infantil... é irreal! Ou então é falso...
Entre nós não há, como nos filmes, os bons e os maus (que no fim são sempre derrotados)... a verdade nua e crua é que somos todos os maus da fita e, como tal, somos todos perdedores.
Até que ponto não teria sido melhor continuarmos a viver como animais embrenhados nas florestas... não sei, falo sem conhecimento de causa e de barriga cheia de superficialidades; não sou melhor nem pior, sou como todos os outros!
Uma tremenda confusão apodera- se de mim... a maldade e a inteligência vivem dentro de nós, devíamos valorizar mais aquilo que realmente é importante... curtir a vida. Era muito mais fácil se todos ficássemos felizes com a felicidade alheia e todos lutássemos pela felicidade e bem comuns...
É melhor ficar por aqui ou arrisco- me a perder todo o respeito que possam nutrir por mim... ainda começam a tratar de marcar uma consulta com um psiquiatra para agendar o internamento numa clínica para alucinados!
Acho que nasci na época errada ou então no corpo errado... devia ter sido cão ou pássaro, ou quem sabe um dinossáurio?
PS.: E nem cheguei a falar do aproveitamento político que se tira destas tragédias e de como os media esfregam as mãos de contentamento por ter assunto para 1 semana! Fica para outro escrito... A emoção tomou conta de mim e perdi a noção do resto!
quinta-feira, julho 07, 2005
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