terça-feira, setembro 20, 2005

Mercedes a caminho...

Já estava a estranhar a ausência dos concursos nos quais não me inscrevi mas onde, sabe- se lá por que portas e travessas, acabei por ser seleccionada e estar habilitada a ganhar prémios fabulosos... desde que subscreva um serviço ou um produto para poder ir novamente a sorteio!

Primeiro o postal alerta- me "Atenção! Um novíssimo Mercedes C180K pode estar a dirigir- se para a rua blá blá blá. Nos próximos dias vai receber um envelope branco com uma risca vermelha e uma verde blá blá blá. Responda o mais rápido possível".

Achei piada ao postal e à tentativa de personalizar a mensagem, como se tivesse sido enviada somente para mim e mais meia dúzia de outros felizes contemplados com a oferta!

Apesar de não apreciar a cor do Mercedes lá abri o envelope da risca vermelha e verde... no interior estava uma longa missiva de 4 páginas, 2 brochuras, 2 envelopes RSF e um terceiro, selado, onde se encontrava o cartão de finalista!

Sem ter feito rigorosamente nada (só porque uma empresa vendeu a sua base de dados a outra) posso ganhar 230 mil euros, um Mercedes e 2 relógios! Basta- me enviar o meu cartão de finalista e assinar a revista pelo período de 1 ano com 40% de desconto!

Lembro- me de, em criança, ver chegar estas cartas a casa dos meus pais... lembro- me do desprezo com que olhavam para elas; nem chegavam a abrir o envelope; era eu que, curiosa, folheva o seu conteúdo e tentava, em vão, convencê- los a participar na próxima fase do concurso!

Hoje percebo o desinteresse e partilho- o, muito embora a carta tenha um aspecto bastante credível fazendo várias referências à comissão de concursos e à autorização do Governador Civil de Lisboa.

Se desde os meus tempos de garota se desenvolve este tipo de campanha (que eu me lembre, claro) deve haver muito boa gente que sucumbe às maravilhas do sorteio em troca de um produto ou serviço do qual até nem precisa... mas como o prémio justifica o investimento, lá faz a encomenda.

Vou guardar religiosamente a carta no arquivo morto (nome carinhoso que atribuí ao caixote do lixo), tentar viver com esta sensação de ter deitado ao lixo a minha oportunidade de conduzir sentada ao volante de um Mercedão com 230 mil euros na mala... e fazer uma aposta no totoloto! Sinto- me com sorte...

1 comentário:

RR disse...

A minha mãe também é uma das habituais e raras felizes contempladas deste tipo de campanhas... Um dia liguei para lá e decidi ir levantar o prémio, para ver o que aquilo dava. Cheguei lá, ofereceram-me uma caneca e pediram-me para entrar numa sala onde me iam fazer um questionário para efeitos de estatística... Entrei e, sempre com cara de mau, ia refilando para me entregarem o prémio rapidamente, porque tinha que bazar e as brochuras não falavam de entrevistas. No final, queriam que comprasse um colchão de 600 contos! Consegues imaginar para onde pedi, delicadamente, ao senhor para se deslocar? Dou uma pista: rima com orvalho!