segunda-feira, agosto 01, 2005

Skydive

Para 1º dia de trabalho depois de 2 semanas de férias sinto- me incrivelmente bem disposta... será do guaraná? Desconheço o motivo, terá sido por ter dormido apenas 4h e ter ligado 3 despertadores que tocaram em uníssono à hora marcada (5h)? Terá sido a pirotecnia de encerramento das festas de Verão cá da terra, visível da janela do quarto, até da cama (juro que parecia que o espectáculo era para mim; 10 minutos de puro prazer em plena madrugada, um céu negro vestido de cores garridas e quentes, capazes de aquecer o mais gélido dos corações, quanto mais o meu, feito de manteiga)...

Não sei (?) a causa do bom- humor mas elevou- me o espírito num voo gigante de proporções inigualáveis, dificilmente sacudido pelos habituais problemas de trabalho ou de trânsito (este mês não se paga portagens na P. 25 Abril, Yupiii)!

Tamanha elevação da alma faz- me pensar como será a queda, então recordo com uma saudade imensa que me corrói o ser, aquela experiência única que aconteceu na minha vida há precisamente 6 meses: queda livre!

Subir num aviãozito a cerca de 4 mil metros de altura depositando toda a minha fé e a minha vida numa só pessoa, a que havia de puxar o cordel que nos iria salvar a pele e os ossos (para não dizer a própria vida) das escaramuças de uma aterragem forçada... ver os outros saltar do avião já é por si só assustador, mas garanto que estar dentro do avião provoca um abalo psicológico ainda maior!

O nervoso miudinho há muito que tinha tomado conta de mim (dias antes já o João Pestana demorava a chegar)... idas frequentes à casinha e um registo de pulsações que a maquineta não foi capaz de medir (contrariamente ao que se possa pensar não sentia o palpitar acelerado, simplesmente deixei de o sentir... como se o coração estivesse em "stand by", à espreita e à espera do que estava para vir)! Chegados aos desejados 4 mil metros de altura fui incapaz de vislumbrar o que quer que fosse... tudo era minúsculo na terra!

Fui a última a dar o salto para o vazio... é chegado o momento de balançar sentada à beirinha do avião e aí vamos nós... suster a respiração de susto, querer gritar um palavrão qualquer e não conseguir articular rigorosamente nada... 230 km's/h sem nada que me prendesse à vida, ao mundo e uma dose de adrenalina equivalente a 1l de café ingerido de um só trago (ou mais, sei lá!)... uma vontade oceânica de gritar ao mundo de pulmão aberto "I can fly"... como uma bala que atravessa um corpo, como um berbequim que fura o estuque, como um prego à beira da estrada que fura o pneu, como um mergulho numa piscina que afinal estava vazia... senti- me pesada e forte, leve e ágil avançando velozmente para terra!

Não há eloquência que nos valha para descrever aquela sensação orgásmica... o momento da queda livre, o arrepio na espinha, a alegria de existir e desafiar as leis da natureza! Não consigo caracterizar a dimensão da experiência por isso socorro- me do dicionário em busca do adjectivo certo... é bestial, fabuloso, formidável, utópico, estupendo... é das melhores sensações que o nosso corpo pode atingir!

E depois o momento de abertura do pára-quedas... o silêncio, a calmaria, a felicidade desmedida por nada haver a recear, o contraste de sensações: da velocidade estonteante carregada de adrenalina à flutuação serena que nos inunda de paz e jovialidade... a maior e melhor sensação de liberdade que alguma vez pude experimentar! E a tristeza por estar a acabar, por estar quase a pousar os pés em terra firme e estar de novo presa, enjaulada a esta condição de ser humano, racional, complicado e agarrado à vida no seu sentido mundano e e transitório!

É lugar- comum dizê- lo mas corro o risco de utilizar esse argumento trivial e repisado: quem me dera ter asas!

Se amanhã o meu espírito já tiver descido novamente à terra e se já estiver rendida ao mau- humor, só tenho que reler este escrito e rever as fotos e o vídeo, para de novo me elevar mais alto, mais leve e reviver a mais bela sensação de liberdade!

PS.: Passo a pub pois não recebo nenhuma comissão pela menção à empresa (limito- me a partilhar a emoção sentida), queiram visitar www.quedalivre.pt para também poderem experimentar a leveza da alma!

2 comentários:

Barata disse...

Olá!

Fiquei com vontade de saltar!

Podias postar as fotos do salto!

Um beijo

Star * Dust disse...

A foto publicada sou eu na aterragem... tenho que fazer uma selecção das melhores mas é tão difícil escolher... Se puderes experimenta, garanto que vale a pena!