segunda-feira, agosto 08, 2005

Quem dá mais...?

Já é tradição, Agosto deve ser o mês do ano onde se dão mais pontos com nó... este fim de semana lá testemunhei mais uma jura de amor eterno!

Terá sido a cerimónia religiosa mais rápida de que já tive conhecimento, demorou precisamente uma pirâmide e um café (tempo recorde porque eu não como assim tão devagar)! Já não é só a noiva que se atrasa, os convidados (como eu) também já se dão a esse luxo... sair de casa tarde, já não poder petiscar uns bolinhos e uns croquetes, ir directamente para a igreja e rumar em direcção à pastelaria mais próxima em busca de alimento (já é da praxe só começar a almoçar por volta das 3h ou 4h da tarde por isso mais vale prevenir do que cair para o lado com fome)... até aqui tudo bem; não fora o padre tão expedito na celebração do matrimónio, ainda teria assistido ao beijo dos noivos! Lá tive que dizer à família que assisti à cerimónia junto à porta por causa do calor (espero não ser castigada, foi só uma mentirinha inofensiva)!

Lá seguem os convidados em filinha pirilau até ao copo d'água, estorvando a circulação automóvel tanto quanto possível, virando no cruzamento errado (apesar de empunharem um mapa com o trajecto) e obrigando dezenas de carros a inverter o sentido da marcha e a cometer umas quantas infracções ao código da estrada (mas não faz mal porque eu não aderi a este novo código)!

Finalmente chegados à quinta, somos brindados com umas sombras aprazíveis onde se encontram umas cadeiras encantadoras e os fotógrafos de máquina em riste esperando o momento certo para atacar com a objectiva... comer e beber até não poder mais (sobretudo beber para não desidratar com o calor tórrido) e torcer pelo momento do bailarico para queimar umas calorias e ajudar a digestão...

O "apita o comboio" e o "follow the leader" são sempre convidados para a festa e quer a 3ª idade quer a juventude agradece o momento de descontracção proporcionado pela pimbalhada.

A malta estava animada (pudera, com tantas garrafas vazias) e a festa prometia ser rija até alguém se lembrar do habitual leilão da liga da noiva. "Caramba, que fraca ideia!" - pensei de imediato. A 1ª meia hora ainda se aguentou bem mas o padrinho da noiva estava insaciável, ávido por mais uns trocos para o cestinho em troca desse bem tão precioso que é a liga (ou terá sido o ramo?)! Vai mais meia hora e mais meia e cada vez menos gente no salão... poucos contribuintes para a causa não é motivo para parar (terá pensado o padrinho... se é que estava capaz de pensar alguma coisa) e segue imparável ao longo de mais 30 longos e dolorosos minutos!

Pelas minhas contas, o leilão terá durado 2 horas ou seja, mais do que um jogo de futebol, com a desvantagem de nenhum jogador correr atrás da bola e de estarem todos sentados no banco, doidos por atirar objectos que pudessem atentar à integridade física do leiloeiro! Não havendo bola, qualquer coisa serve, desde que seja suficiente para o derrubar da cadeira e fazer desaparecer o microfone!

A liga (ou o ramo) ficaram com a família da noiva pela módica quantia de 600 euros. Dizia o padrinho que a família do noivo (da qual faço parte) era fraca! Na altura pensei para comigo que não era fraqueza mas sim pobreza, falta de "guita", porém o senhor não partilhava da mesma opinião e tendo já feito o seu juízo, lá foi apregoando "a família do noivo... são uns fracos!" as 1ªs vezes ainda tolerei mas a dada altura já me soou a falta de educação e retirei- me em direcção à mesa de queijos.

A festa não estava completa sem se partir o bolo dos noivos (escusam de fazer esse sorrisinho maroto) e cometer a habitual "delicadeza" de roubar os noivos do bolo para devolver à procedência depois de decorrido 1 ano... já tinha em meu poder os guardanapos para camuflar o furto e preparava- me para, num momento de distracção dos presentes, fazer a investida!

Fui surpreendida por duas novidades ou três... 1º o casal de noivos era enorme; 2º em vez de um casal de humanos em miniatura, era um casal de ursos e 3º o empregado de mesa cortou o bolo e guardou os noivos no bolso para ninguém os levar! Não há direito!!!

Queimava- se os últimos cartuchos... escolhia- se as últimas fotos e a festa termina! As senhoras de lábios esborratados, chinelos de enfiar o dedo e pochete avançam a coxear para os carros, os pais dos noivos limpam as lágrimas que escorrem de comoção e a pouco e pouco retiram- se para o aconchego do lar!

Aos noivos ficam os desejos de muita felicidade e que se esforcem por não contribuir para a estatística dos diversos no Bilhete de Identidade!

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