sexta-feira, outubro 07, 2005

Recreio na Segurança Social

2ª tentativa no Centro da Segurança Social... depois de lá ter passado na 3ª feira e de ter registado com profundo desagrado a presença de mais de 100 pessoas à minha frente na fila, decidi adoptar a táctica do Centro de Saúde: marcar presença antes da abertura de portas.

Assim foi... 15 minutos antes das 9h cheguei ao famigerado Centro de Segurança Social. A agitação à porta já era abundante e foi agravada pela passagem da caravana comunista e respectiva distribuição de lixo eleitoral. À excepção das canetas e dos bonés, o merchandising da campanha fica estrategicamente depositado no chão... digo estrategicamente de propósito, porque deitar os papéis para o chão não é falta de civismo mas antes uma forma de garantir o emprego dos varredores de ruas! (Ao dizer isto, arqueio a sobrancelha, arregalo os olhos e aponto com o indicador tentando dar um ar credível ao disparate proferido!)

Aparentemente não fui a única a ter a ideia de chegar mais cedo... pelo menos 37 pessoas já tinham assentado arraiais à porta para tirar antes dos outros a senha A- beneficiários! Por via das dúvidas retirei também a senha C- contribuintes... só tinha 5 pessoas à frente e sempre podia optar pelo estratagema utilizado pela 3ª idade: fazer- me de parva. Depois de confirmar com o segurança o assunto que me levava até lá e o guiché correspondente (sempre era a senha A) decidi esperar pacientemente pela minha vez!

Confortavelmente de pé encostada à parede, lá passei mais de 1h e meia assistindo aos mais caricatos episódios... as grávidas e acompanhantes de crianças têm prioridade. O problema é serem tantas que se atrapalham umas às outras e acabam por perder o mesmo tempo na espera que os comuns mortais!

Em turnos de 5 a 6 pessoas, as funcionárias deslocam- se ao café da esquina onde permanecem, seguramente, uns 30 a 40 minutos... deduzo que o café estava realmente a escaldar!

A maioria dos presentes não sabe ao que vai, do que precisa, o que tem que fazer e como. Se durante esta espera ninguém gritasse e soltasse a sua cólera seria bizarro... e a dada altura dá- se o momento alto da manhã: uma senhora cuja idade deverá rondar os 60 e tal anos enche o peio de ar e reclama de viva voz pelos seus direitos "Vão todos à m****! Não andei 45 anos a descontar para ser tratada desta maneira!", o marido seguia atrás cabisbaixo e transparecendo um certo embaraço, enquanto a senhora preparava uma saída triunfal: "Vão todos pr'ó c*****o!"

O público que assistia ao espectáculo gratuitamente deixou- se rir e depressa esqueceu o sucedido! Por vezes, tenho a sensação de que estes episódios são encenados e interpretados por actores profissionais, como forma de distrair e entreter os que esperam pela sua vez... visto que não há TV nem telefonia! A ideia é uma boa ideia... mas sugiro que sejam mais comedidos nas palavras nesta forma de entretenimento, não nos podemos esquecer de que há crianças presentes!

Seja lá como for, registo a ideia e sugiro umas máquinas de diversão como matraquilhos, puzzle bubble, jogos de cartas, dominó, jornais diários, revistas cor de rosa, etc para tornar a espera mais agradável... e já agora, uns banquinhos para descansar as pernas!

1 comentário:

Rita disse...

Assim é o nosso país... LOL