quarta-feira, abril 26, 2006

Fim de ciclo

Hoje será oficial...

Decidi virar uma página na minha vida. Depois de ter recusado várias propostas em prol da minha amada telefonia (ano assim, ano também), depois de muito choro enfurecido, depois de muitas horas de reflexão e retiro, cheguei à conclusão de que falhei no meu objectivo e, desta vez, aceitei o outro desafio.

Terminou o prazo que tinha dado a mim própria... investi 8 anos da minha vida, cresci muito enquanto profissional, fiz de tudo um pouco na programação com suprema honestidade, consegui atingir o máximo que me era permitido, subi a pulso, com muitas horas de trabalho, muitas cedências, algumas facadas nas costas e de estagiária cheguei à coordenação (sem atalhadas horizontais); propus novas ideias, novos espaços, novos passatempos, criatividade e engenho, aperfeiçoei competências (pelo menos as minhas) tentei abrir outras portas que se mantêm fechadas a cadeado... resignada admito: falhei! Só consegui chegar a um dos meus objectivos e esta estação já não tem nada para me ensinar, as outras não o querem fazer. Nas portas que nunca se abriram para mim, desisto de forçar a entrada. Não sei o que me faltou... se a capacidade, se a cunha ou a sorte!

Há alguns anos privilegiei o coração, agora rendo-me à razão. Não posso mais continuar a investir e a acreditar numa carreira que só serve o meu coração e que não pode dar-me a realização profissional de que preciso, nem o sustento... seria capricho ou conformismo continuar a batalhar na mesma tecla! De que me vale fazer aquilo de que gosto se com esta idade já cheguei ao limite que me impõem e não me dão corda para mais? Dói muito desistir daquilo de que mais gosto mas dói mais abrir os olhos daqui a 10 ou 15 anos e perceber que deixei de investir noutras propostas que poderiam dar mais frutos! A ambição não me deixa sossegar, não me deixa ficar já por aqui...

Houve alturas em que amaldiçoei o dia em que entrei pela primeira vez num estúdio, houve dias em que amaldiçoei a existência de outras propostas que sempre deixaram em xeque o meu trabalho... hoje sei que tenho sorte porque posso escolher o que serve melhor os meus interesses, mesmo que isso implique horas, dias, meses ou uma vida de tristeza e frustração por não ser capaz de ganhar exercendo a profissão que o meu coração escolheu, por ter que escolher outra que me garante melhores condições contratuais, salariais e de progressão na carreira!

Rendo-me à evidência com a consciência de ter dado o melhor de mim e de mesmo assim não ter sido capaz... rendo-me de lágrimas nos olhos à vida real... o meu sonho acaba aqui, a paixão... essa nunca se extinguirá!

As últimas emissões aproximam-se... aproxima-se o último contacto com o micro e não sei se vou conseguir controlar a emoção na despedida. Agora não consigo e o coração fica apertadinho só de pensar nisso. Adeus ao éter... até qualquer dia, se não for antes!

PS.: Desculpem o conteúdo lamechas... estou SÓ a falar da minha grande paixão e de como me preparo para abdicar dela. A sensação de perda é indescritível. Afaga-me a alma a possibilidade de continuar nas ondas hertzianas em part-time... só para matar a ressaca de rádio porque deixar de vez, não consigo, nem que tenha que trabalhar de borla como hobby de fim-de-semana... só para manter o contacto!

1 comentário:

subarrios disse...

Ao ler o teu post lembrei-me de uma comunicação que ouvi num seminário e que se chamava "das razões das emoções"...

Para não estender este comment, vai ao meu blog... (passo a publicidade)

Um abraço grande grande, porque neste momento precisas mais de abraços amigos do que de beijinhos...