sexta-feira, março 24, 2006

Como é que vou daqui para...

Como quem está perdido numa terra estranha, aparece-me em casa com a vida aos trambolhões, de olhos vidrados e coração apertado. Já conhecemos as razões da angústia, já conhecemos as causas e os efeitos, ficámos a conhecer as possíveis consequências, energicamente drásticas, dos desaires.

Nada na história é digno de ser chamado de novidade; conhecemos duas versões, não tiramos nem damos a razão a ninguém... todos erram e no caso, todos erraram. Assistimos a tudo, mais do que em primeira fila, nos bastidores da acção.

Tudo o que possamos dizer cai em saco roto, perde-se no vácuo, dispersa-se como fumo da chaminé. Onde arranjar a paciência para ouvir o rol de balelas que, não percebo, se pretendem enganar-nos somente a nós ou também ao próprio que as profere. Uma espécie de ensinar a missa ao padre... um declamar de motivos, um esgrimir de argumentos, de ponderações e de razões válidas, quanto baste, se tivessem sido ditas com um mínimo de convicção! Um discurso ensaiado capaz de tranquilizar os desatentos... não é o meu caso; um timbre estudado (que às vezes foge ao controlo), um monólogo pouco convincente, um monte de cartas repetidas sobre a mesa que de nada servem... não é a mim (aos amigos) que tem que convencer mas a si próprio!

Um padre disse-me uma vez (nas raras vezes em que estive numa igreja): um pessoa que tem um problema não se transforma no problema, é apenas uma pessoa com um problema. Concretizando num exemplo prático: uma pessoa que se embebeda todos os dias não é um bêbedo, é uma pessoa que tem problemas com a bebida!

Por muito que procure não encontro melhor forma de descrever a situação... não podemos dizer-lhes o que querem ouvir, não podemos atacá-los sob pena de os afastarmos e de os perdermos de vez! O sentimento de impotência associado aflige e agonia. Não se pode mudar ou salvar o mundo, mas nem sequer poder mudar o rumo de vidas que nos são próximas, que nos pedem conforto e orientação, e que vemos a descarrilar não é justo! Não é que tenha na manga a solução para todos os males, às vezes nem os meus consigo resolver, mas para este caso sei de cor o que devia ser feito!

A incapacidade deixa-me ajoelhada, de braços estendidos e olhos pregados no chão...

1 comentário:

Rita disse...

N tenho nenhum amigo nessa situação, mas sempre soube que tem d partir da ppa pessoa... só assim o poderás ajudar : (