segunda-feira, dezembro 12, 2005

Pai Natal versão Homem Aranha

À conta das lembranças de Natal para aqui e para ali, palmilhei qualquer coisa como 8 horas dentro de um sufocante centro comercial (vá lá que não foram todas no mesmo dia)... entre encontrões e os holofotes das lojas que me derreteram mais o cérebro que uma borracheira de pender para onde sopra o vento!

O caos para estacionar num parque com milhares de lugares (ocupados), o pára-arranca para lá chegar e para sair de lá, rios de dinheiro fluir como um mar revolto e meia dúzia de lembranças que não passam disso mesmo, mas que me custaram uma pequena fortuna em paciência e tempo despendido!

Em criança adorava a época, delirava com os presentes que recebia e que oferecia... raras vezes conseguia conter a curiosidade e evitar uma espreitadela para o interior dos embrulhos, raras vezes conseguia moderar a ansiedade de oferecer as prendas antes da data! A noite de Natal sempre foi chata, com filmes aborrecidos na tv e os adultos a conversar num tom de voz muito acima do normal (depois da janta já se sabe que o bacalhau bem regado tem esse efeito... provavelmente teria sido mal demolhado e daí a sede que provocava!); só quando se juntavam os primos é que a festa animava!

Hoje é ao contrário... fico em pulgas com a recepção à família, dou voltas e mais voltas à procura da ementa perfeita para todos e começo cedo a fazer a lista de compras dos ingredientes para a doçaria! A troca de prendas é chata... recebemos o par de meias que dá sempre jeito e fazemos aquele ar de satisfação quando desembrulhamos aquele elemento decorativo de gosto duvidoso que temos que esconder numa gaveta, para só retirar quando a pessoa voltar cá a casa! Já para não falar daquela lembrança cuja finalidade desconhecemos totalmente... intrigados mas sorridentes pensamos: que raio é isto? Como é que funciona?

Por outro lado, nunca vi tanto Pai Natal pendurado nas janelas e varandas. Isso acaba com o espírito... mesmo as crianças mais crédulas não acreditam certamente que aquele boneco pendurado dias a fio na varanda seja efectivamente o Pai Natal; até porque, teoricamente, só há um e não milhares deles por essas janelas fora. Além disso, não era suposto ele chegar num trenó com renas voadoras? Então porque é que não aterra no telhado? Não seria muito mais prático do que ter que trepar pelas paredes? Afinal é o Homem Aranha ou é o Pai Natal? Um destes dias os larápios aproveitam a época, disfarçam-se de Pai Natal e assaltam umas casas... se aparecer alguém durante a escalada só têm que permanecer imóveis até passar o perigo!

E ainda vos digo mais... o que é feito dos adornos tradicionais dos pinheiros? Então agora penduram-se ursos, lacinhos e pérolas na árvore de Natal? Eu ainda sou do tempo em que se decorava o pinheirito com botinhas, pinhas, chocolates, sininhos, estrelas e bolinhas com fitas farfalhudas, luzinhas coloridas e pedaços de algodão para imitar a neve! Por isso decidi manter a tradição e ornamentar a árvore cá de casa à minha moda antiga; pode ser pimba mas vou assumir o pimba que há em mim e atirar uns pedaços de algodão branco para o meio da decoração! Só não vou incluir os chocolates na ornamentação porque sempre tive o péssimo hábito de os comer antes do Natal e deixar pendurado o papel que os envolve!

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