segunda-feira, julho 25, 2005

Chuac chuac

Eeeehhhh, povo beijoqueiro o nosso! (Desabafo)

Desde pequena (em idade, não em tamanho visto que este já não muda há largos anos e quando mudar será para os lados) que me complica com o sistema nervoso a forma como as pessoas distribuem beijos a torto e a direito.

O acto de beijar, mesmo na bochecha ou seja, sem qualquer aplicação à relação de intimidade homem/mulher (devo dizer também, actualizando a mensagem aos dias que correm: homem/homem e mulher/mulher) está completamente banalizado... sempre pensei que só devíamos distribuir beijocas aos nossos amigos e parentes e não como forma de cumprimento, até porque o beijo em si exige alguma proximidade e contacto que nem sempre estamos dispostos a ter com a outra pessoa!

O contacto é de tal forma próximo que ultrapassa certos parâmetros de gestão do espaço privado nos rituais de interacção... o beijo na bochecha chega mesmo a evoluir do estado de interacção social para o estado íntimo... se habitualmente mantemos nos rituais de interacção uma distância de cerca de 90 cm's estão a ver como esta distância é encurtada e reduzida a escassos cm's no acto do cumprimento.

Lembro- me daquelas situações que os narizes se tocam quando passamos de uma bochecha para a outra porque um dos dois calculou mal a distância e traçou a rota errada; recordo ainda aquelas ocasiões em que a outra pessoa transpira como um cavalo e ficamos com a cara húmida devido ao contacto, ou ainda aquelas vezes em que nos babam com o beijo ou as outras em que temos que levar com o hálito (às vezes mau) do sujeito. Perdoamos tudo isto quando são pessoas nossas amigas com as quais mantemos contactos pessoais, mas se acabámos de as conhecer ou se o nosso contacto com elas é apenas social e educado, não vejo porque havemos de nos sujeitar a esta proximidade e consequente troca de fluidos e cheiros.

Podíamos substituir o beijo na bochecha pelo aperto de mão mas até este é susceptível de levantar algumas questões pertinentes como a da higiene; já ouvi um amigo comentar por diversas vezes que apertar a mão a alguém deixa algumas reticências, nunca se sabe onde é que a pessoa andou com as mãos... para corroborar a sua tese socorro- me de um estudo uma vez realizado que denunciava que haviam sido encontrados vestígios de urina em utensílios como o teclado e o rato, as maçanetas das portas, os talheres e por aí fora... o que me leva a concluir que podemos estar perante uma caso de saúde pública! Não está enraizado o hábito de lavar as mãos depois de ir à casinha? Pensava que sim!

Ora isto deixa- nos cara a cara com um dilema: como havemos de saudar as pessoas? Podemos voltar ao estilo vénia! Deixávamos os beijos só para os amigos e parentes, o aperto de mão para os conhecidos e a vénia para os que acabámos de conhecer! Os homens, como habitualmente não se beijam uns aos outros (dependendo do estado claro... se for pela noite dentro e com alguma ajuda externa, lá vão trocando uns chochos carinhosos nas maçãs), podem adoptar o abraço em vez do beijo!

PS.: Às vezes interrogo- me... estarei a desenvolver algum tipo de hipocondria que há- de levar- me a lavar as manitas a cada 10 minutos? Onde é que arranjo tempo para pensar nestes disparates!?

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